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A quatro meses da eleição, o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, considera que a disputa ainda está em aberto. Em entrevista ao Valor Econômico, o pedetista continua confiante nas chances de seu pré-candidato, Ciro Gomes, de ir ao segundo turno com o ex-presidente Lula, quem ele acredita estar errando pelas pesquisas favoráveis do momento. “Ele está correndo um risco danado. Carmem Miranda, se estivesse viva, teria um salto de sapato menor que o do Lula. Estão se achando”.
Na avaliação de Lupi, a pobreza e a crise econômica tirarão o presidente Jair Bolsonaro (PL) da disputa e terão um impacto ainda maior no seu fracasso eleitoral do que os mortos pela pandemia de Covid. “Brizola dizia que o que dói no bolso, dói mais que no coração. É fogo. Vou no supermercado até hoje e é impressionante o que as pessoas estão pensando em relação aos preços. Moro no Leme, zona sul [do Rio de Janeiro], classe média, e pela primeira vez vi uma cliente pedir metade do pacote de carne moída. Comida, combustível, botijão… Isso para Bolsonaro vai ser fatal”, afirmou.
Sobre o partido ainda não ter fechado nenhuma aliança para a disputa presidencial, ele diz que o movimento este ano está atípico, pois estão apostando no resultado com muita antecedência. “As pessoas trabalham muito com perspectiva de vitória, de poder. Prefeito é muito dependente do governador e do presidente. O processo eleitoral é que nem partida de futebol: não é quem joga melhor, é quem consegue fazer o gol. Acho que esse jogo não está jogado ainda, nunca vi decidirem uma eleição com tanta antecedência”, contou Lupi.
Segundo turno
Para o pedetista, uma vitória de Lula no primeiro turno é “inviável” e acreditar nisso é um dos grandes erros dos petistas. “O eleitor que vota por exclusão não tem muita consistência, é volátil. Se a gente botar uma opção, ele muda. E se você tirar 10% a 15% de Lula ou Bolsonaro, muda todo esse quadro”, explica. Essa opção, segundo ele, será justamente Ciro Gomes. “Já tivemos Huck, Moro, Pacheco, Mandetta, Dória, e o Ciro está aí. Resistir já é uma façanha”.
Ele descarta também a possibilidade de um golpe por parte de Bolsonaro, apesar das constantes ameaças, que ele considera que são uma distração dos problemas reais do país. “Ele quer é que a gente pense assim, discuta o supérfluo e deixe de discutir o governo. A rejeição de Bolsonaro prova que ‘pão e circo’ tem limite. Esse tipo de pensamento está fora da realidade. Qual a ameaça que um cara que tem 56% de rejeição faz ao processo eleitoral? Ele vai sair pela porta dos fundos e para a cadeia. Então, vamos enfrentá-lo”, afirmou.
Com informações de: Valor Econômico
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