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Suspensão de empréstimos – As centrais sindicais demonstraram indignação, na noite desta quinta-feira (16), ao anúncio de bancos privados, que suspenderam a concessão de empréstimos consignados para aposentados e pensionistas do INSS após o Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS) reduzir o teto de juros da modalidade.
Pressionado pelas próprias centrais, o CNPS decidiu pela redução do teto dos juros, que passou de 2,14% ao mês para 1,70%.
“Essa atitude dos bancos demonstra que a sede por lucros não tem limites, e é inaceitável que os aposentados e pensionistas sejam prejudicados dessa forma”, diz trecho da nota, assinado por nada menos que oito centrais sindicais.
A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) alega que os bancos privados não têm condições de pagarem os custos de captação de clientes, apesar da redução ser menor do que 0,50%.
“Nos últimos 4 anos, os bancos lucraram 338,5 bilhões de reais, quase 100 bilhões só no último ano, enquanto 33 milhões de brasileiros estavam ao relento na fila do osso.”, prossegue o texto.
Bancos públicos aderem
Segundo informações do blog de Ana Flor no site G1, os bancos públicos do governo – Caixa Econômica Federal (CEF) e Banco do Brasil (BB) – aderiram à suspensão das linhas de crédito consignado para aposentados do INSS.
A informação, segundo a jornalista, vem de dentro do governo, ressaltando que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, teria sido contra a redução de juros, tendo chegado a ligar para o ministro da Previdência, Carlos Lupi, pedindo que não efetivasse a redução.
Chama atenção o fato de que a CEF já cobrava taxas bem próximas ao novo teto (1,70%), na casa dos 1,77% ao mês.
Na nota divulgada, as centrais sindicais haviam pedido justamente que os bancos públicos assumissem a operação dos empréstimos para aposentados.
“É necessário que o Estado assuma sua responsabilidade social e garanta o acesso para aposentados e pensionistas. E não ceda aos melindres de um grupo de bancos que não aceitam diminuir seus lucros em tempos tão difíceis para o povo brasileiro”, cobra.
Presidente das Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB) – que também assina a nota conjunta das centrais -, Antonio Neto classificou como “absurda” a postura dos bancos públicos, ao se alinharem aos interesses dos bancos privados.
O líder sindical fez um apelo para que o presidente Lula (PT) se posicione sobre a questão.
“O presidente Lula tem a caneta na mão para corrigir o problema e exonerar quem deu a ordem para a Caixa e o Banco do Brasil chantagearem o povo brasileiro.”
Mais cedo, o sindicalista aproveitou para convocar a população a comparecer a um protesto, organizado pelas centrais sindicais, contra os juros abusivos cobrados no país.
A manifestação será na próxima terça-feira (21), às 10h, na Avenida Paulista, em São Paulo
ABSURDO! BANCOS PÚBLICOS fazem coro com Cartel dos Bancos para chantagear e extorquir os aposentados na contramão dos apelos do movimento sindical e dos trabalhadores. VERGONHA!!!
O presidente Lula tem a caneta na mão para corrigir o problema e exonerar quem deu a ordem para a… https://t.co/CMNaYELhcW pic.twitter.com/eNaKFtJZ2I
— Antonio Neto (@antonionetopdt) March 17, 2023
Leia a nota das centrais sindicais, na íntegra:
“As Centrais Sindicais manifestam sua indignação e condenam veementemente a chantagem dos bancos de suspenderem a modalidade de crédito consignado para aposentados, após a redução das taxas por parte do Conselho Nacional da Previdência Social (CNPS). Essa atitude dos bancos demonstra que a sede por lucros não tem limites, e é inaceitável que os aposentados e pensionistas sejam prejudicados dessa forma.
O crédito consignado é uma linha de crédito com baixa taxa de inadimplência, e o desconto é em folha, o que torna a operação mais segura e acessível. A suspensão do crédito consignado prejudica, principalmente, os aposentados e pensionistas que precisam de crédito para complementar suas rendas, e que não têm alternativas de crédito.
Diante dessa situação, as Centrais Sindicais cobram do Governo a utilização do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal para garantir as linhas de crédito para os aposentados e pensionistas que precisarem com as novas taxas em vigência. É necessário que o Estado assuma sua responsabilidade social e garanta o acesso para aposentados e pensionistas. E não ceda aos melindres de um grupo de bancos que não aceitam diminuir seus lucros em tempos tão difíceis para o povo brasileiro.
Nos últimos 4 anos, os bancos lucraram 338,5 bilhões de reais, quase 100 bilhões só no último ano, enquanto 33 milhões de brasileiros estavam ao relento na fila do osso.
Os mesmos bancos que hoje viram as costas para aqueles que tanto contribuíram para o país são os mesmos que lideram as denúncias de assédio bancário com insistentes ofertas de crédito para aposentados.
A decisão do CNPS e do Ministro Carlos Lupi está de acordo com os anseios da população que foram às urnas para derrotar as medidas anti-povo que tomaram conta do Brasil nos últimos anos. É preciso que o Governo atue de forma firme e efetiva para garantir os direitos da classe trabalhadora, e não ceda aos interesses dos bancos e do mercado financeiro.
Por fim, as Centrais Sindicais unidas convocam a classe trabalhadora para os atos pela redução da taxa de juros e pelos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras brasileiros.
Não aos abusos dos bancos! Sim à garantia do acesso ao crédito para aposentados e pensionistas!
Sérgio Nobre, Presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores)
Miguel Torres, Presidente da Força Sindical
Ricardo Patah, Presidente da UGT (União Geral dos Trabalhadores)
Adilson Araújo, Presidente da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do
Brasil)
Moacyr Roberto Tesch Auersvald, Presidente da NCST (Nova Central Sindical de
Trabalhadores)
Antonio Neto, Presidente da CSB, (Central dos Sindicatos Brasileiros)
Nilza Pereira, Secretária-geral da Intersindical Central da Classe Trabalbalhadora
José Gozze, Presidente da Pública Central do Servidor”
(Foto: Reprodução)