Eduardo Moreira no Conselho da Petrobras – O Centrão rejeitou o nome de Eduardo Moreira – e de outros indicados pelo PT – para ocupar uma cadeira ocupar o Conselho de Administração da Petrobras e resolveu indicar aliados para ocupar o colegiado.
A indicação, do PT, de Moreira ao Conselho da Petrobras, já havia sido divulgada e seu veto irritou Lula e a cúpula central do partido. As informações são da CNN Brasil.
Na noite desta segunda-feira (27), foram remetidos a estatal quatro nomes:
- Pietro Adamo Sampaio Mendes, presidente do Conselho de Administração
- Carlos Eduardo Turchetto Santos,
- Vitor Eduardo de Almeida Saback
- Eugênio Tiago Chagas Cordeiro.
Segundo fontes do governo, as conexões políticas dos indicados são com o União Brasil e com o PSD.
O incômodo do PT com as nomeações fica explícito na nota da Federação Única dos Petroleiros (FUP), ligada ao partido.
A nota diz que os nomes são ligados ao “bolsonarismo”, ao ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), ao mercado financeiro e a favor de privatizações.
“Caso seja aprovado, esse novo CA imponha obstáculos para o cumprimento de programa de governo do presidente Lula, que inclui mudanças na política de preços de combustíveis, na sistemática de dividendos da Petrobrás e fim das privatizações na companhia”, alerta.
Fogo amigo
O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates (PT) havia indicado nomes como os do presidente da Fiesp, Josué Gomes, e do economista Eduardo Moreira.
O episódio reflete disputa interna entre o governo e o PSD, que comanda o Ministério de Minas e Energia através de Alexandre Silveira.
Um dos motivos é seria o veto ao nome de Bruno Eustáquio para a secretaria executiva do MME.
Eustáquio é servidor de carreira e era o preferido de Silveira, mas atuou no governo Bolsonaro como secretário executivo na Infraestrutura e também em Minas e Energia, o que motivou o veto petista.
Ex-Bolsonaro
Os nomes podem ser questionados nos comitês internos da estatal.
Por exemplo, Pietro Mendes é secretário de Petróleo e Gás do ministério e foi secretário na pasta durante o governo Bolsonaro.
Já Carlos Eduardo Turchetto atua em um ramo concorrente à estatal.
Os nomes precisam ser aprovados pelos acionistas em assembleia. Há onze integrantes do conselho, sendo que a União tem direito a oito vagas.
Eduardo Moreira
Com mais de 500 mil de seguidores no Instagram e quase um milhão de inscritos em seu canal de Youtube, o influencer tem ideias progressistas e apoiou a Lula na disputa do segundo turno das eleições de 2022, nas quais o petista derrotou Jair Bolsonaro (PL).
Eduardo Moreira é ferrenho crítico do presidente do BC, Roberto Campos Neto, a quem chama de “bolsonarista raiz”.
Campos Neto teve sua renúncia pedida pela presidente do PT, Gleisi Hoffman, nesta quinta (02).
“Taxa de juros abrindo, empresas de varejo desmoronando na bolsa, mercado de crédito ultra estressado, combustíveis subindo. Imaginar que a única chance de sucesso do governo depende da boa vontade de um bolsonarista raiz (presidente do BC) dá desânimo e arrepios…”, disparou em suas redes sociais nesta quarta (01).
https://twitter.com/eduardomoreira/status/1631000043883823133
Seu nome havia sido confirmado por interlocutores de Jean Paul Prates à CNN Brasil na lista que seria enviada pelo Ministério de Minas e Energia ao departamento de compliance da Petrobras.
Em um dos vídeos de seu canal, Moreira critica a grande parcela de investidores estrangeiros que detém ações da Petrobras, que hoje detém 46,3% das ações, entre pessoas físicas e jurídicas de fora do país.
“Não dá nem mais pra chamar a Petrobras de uma empresa brasileira. A Petrobras virou uma empresa gringa, mas ninguém percebeu. Porque a panela foi esquentando e o sapo ali dentro não percebeu que a água estava fervendo”, disse Moreira.
O economista é incisivo e denuncia o que classifica de “saque” à estatal brasileira.
“Hoje em dia a empresa foi privatizada. A empresa mais do que privatizada, ela foi saqueada pelos interesses estrangeiros, e ninguém percebeu”, completou o economista.
Repasse a acionistas
Moreira também é crítico feroz do repasse dos dividendos aos acionistas em detrimento de um valor maior de investimento. Sobre isso, Moreira disse em seu canal.
“O que a Petrobras está fazendo? Ela tá servindo ao seu país gerando emprego, gerando oportunidade, gerando desenvolvimento? Não. Ela virou o seguinte, virou uma saqueadora pra servir uma meia-dúzia”.
Na época da publicação, seu nome sequer era cogitado para o Conselho da Petrobras, mas Moreira já defendia que era preciso reverter o ‘desmonte’ da estatal.
“Isso que a Petrobras faz de não investir o dinheiro na sua modernização, no seu país, é um processo programado, planejado, estratégico de desmonte, e agora você entende por que a gente fala de destruição, pra beneficiar meia dúzia de pessoas, e é isso que a gente vai ter que reverter”, afirmou no mesmo vídeo.
Ex-banqueiro
Eduardo Moreira é formado em engenharia pela PUC-RJ e graduado em economia pela Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos. Trabalhou no Banco Pactual até 2009 onde diz ter sido sócio responsável pela área de Tesouraria.
Crítico ferrenho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Moreira defende que uma estatal não seja avaliada pelo lucro, mas pela capacidade de transformação social com geração de emprego, pesquisa e desenvolvimento.
“Isso que aconteceu com a Petrobras é o último capítulo, eu espero, de um período nefasto, de um período vergonhoso, de um período onde as aves de rapina da Faria Lima se lambuzaram com aquilo que é nosso, com aquilo que é de todo mundo”, afirmou ainda o escolhido para o conselho.
(Por Thiago Manga)
(Foto: Reprodução)