Desenrola Brasil – Ex-candidato à presidência da República em 2022, Ciro Gomes detonou o programa ‘Desenrola Brasil’, lançado pelo governo Lula (PT), dizendo que o programa não tem nada a ver com sua proposta original e que “só é bom para os bancos”.
No segundo turno das eleições, Lula prometeu ‘incorporar’ o SPCiro ao seu programa de governo ao receber o apoio do PDT na disputa com Jair Bolsonaro (PL). A proposta apresentada, no entanto, é bem diferente do projeto original.
O economista Nelson Marconi, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e coautor do SPCiro, criticou os ‘juros altos’ do programa do Ministério da Fazenda e lamentou que o governo tenha colocado bancos privados à frente do processo.
O governo federal divulgou parte do Desenrola Brasil fixando uma taxa de juros 1,99% ao mês, que extrapolada para 12 meses leva a um juro de 25% ao ano.
“Tem cheiro de picaretagem grossa, estatização via garantia do Tesouro de débitos que não valem muito e juros tabelados de quase 27% ao ano para o valor renegociado. Só é bom para os bancos, então”, critica Ciro.
O ex-ministro ressalta que, em seu projeto, o desconto no feirão do Serasa seria de até 90%. Na época, Ciro explicava que a dívida média de cada brasileiro – com o nome ‘sujo’ – era de R$ 4.200, mas cerca de 80% disso seria de juro sobre juro, multa, comissão de permanência e outras taxas.
Na campanha, Ciro era enfático ao garantir que retiraria os brasileiros do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC).
“Para se ter uma ideia, o perdão até 100 reais só suspende o registro no SPC, mas não cancela o débito. Chega a ser chocante. Lula não decepciona!”, dispara o ex-governador do Ceará.
Negociação coletiva
Ciro Gomes defendia a aplicação de forma coletiva da lógica das negociações individuais já em vigor nos feirões do SPC e da Serasa, beneficiando 63 milhões de pessoas.
Em conjunto com a renegociação das dívidas, seria aberta uma linha de crédito no Banco do Brasil, na Caixa Econômica Federal e em outros bancos públicos ou privados que desejassem participar do programa, para que as pessoas pudessem parcelar suas dívidas.
Na prática, os bancos assumiriam o principal ônus nas negociações. Já o Desenrola deixa a conta principal para o próprio devedor e boa parte para o Tesouro.
Ou seja, o benefício maior é dos bancos, que poderão utilizar os acordos como créditos tributários de forma antecipada em seu balanço, projetando melhores resultados.
Alguns analistas avaliam que o melhor momento para se renegociar as dívidas será após a queda da taxa Selic, prevista para agosto.
(Foto: Montagem/Reprodução)