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O ex-ministro Ciro Gomes (PDT) disse nesta quarta-feira (24) que é urgente que o Brasil realize uma vacinação em massa contra o coronavírus e que enquanto isto não for possível, o ideal seria a decretação de um lockdown nacional para conter a avanço da doença no país. O pedetista também disse ser fundamental que o novo auxílio emergencial seja, no mínimo, de R$ 600, e opinou que Bolsonaro está na “antessala de cair”.
Em entrevista à José Luiz Datena na TV Bandeirantes, Ciro ainda opinou sobre a atuação do governo Bolsonaro frente à crise na saúde pública e na economia, além de comentar a suspeição de Sergio Moro, declarada pelo colegiado do STF no ‘processo do triplex’ contra Lula (PT), essa semana.
Vacinação em massa
Ciro Gomes frisou que há a necessidade de unificar o discurso pró-vacina como forma de combater a pandemia de coronavírus no país. “Só a vacina salva, portanto tem que encerrar, como um grande erro, a lógica de prescrever remédio”, disse Ciro, disparando em seguida contra o atual presidente: “E o Bolsonaro ainda fala em tratamento precoce querendo salvar a cara, não existe tratamento precoce!”.
O ex-governador do Ceará falou sobre a importância em contar com ajuda internacional na aquisição de mais doses de vacinas e que isso só será possível com mudanças no governo Bolsonaro. “Tem que pedir ao presidente da República que demita o canalha que ocupa o ministério das Relações Exteriores e que demita o canalha que ocupa o ministério do Meio Ambiente, que estão prejudicando gravemente o Brasil junto à comunidade internacional”, declarou.
“Então é muito simples: vacinar em massa. Enquanto não tiver 80% da população vacinada, é lockdown para um radical isolamento social. E pra garantir o isolamento social, pelo menos R$ 600 reais (de auxílio emergencial)”, resumiu.
Manifesto dos ‘ricos’
“Os ricos saíram agora com um manifesto sabe por quê? Porque o brasileiro está proibido de entrar em 138 países e as UTIs dos hospitais privados lotaram. Não tem mais remédio para entubar as pessoas, não adianta imaginar que vai para uma UTI em Miami, porque não pode entrar. Fizeram um manifesto e é por isso que os políticos se reuniram em Brasília”, apontou Ciro.
Conta a ser paga e alerta sobre abril
O pedetista pediu a adoção de um ‘isolamento social radical’, reforçando que ele só seria possível com um auxílio emergencial de R$ 600 reais à população. “Precisamos avançar no desenho de quem vai pagar a conta. Eu não sou um opositor demagogo e mentiroso, como certos que usam a tragédia para explorar o povo. Eu proponho concretamente”.
A expectativas são de que abril será o pior mês da pandemia no Brasil. “Essa conversa toda que vocês estão vendo ai, que os políticos se ouriçaram, eles estão sabendo que a coisa degringolou mesmo.”, avaliou.
O ex-ministro da Fazenda defendeu a priorização em salvar vidas no cenário atual. “Na economia, você diz: tem dinheiro pra pagar? A questão não é essa! A questão é: nós vamos fazer juízo de valor com a vida dos pais, dos nossos filhos, porque estão aumentando muito a quantidade de crianças e de jovens hospitalizados, e chegou no limite?”, indagou.
“Enquanto não tivermos 80% do povo vacinado, precisamos fazer lockdown, e quem não fizer é sócio do genocídio. Mas como vamos fazer lockdown se o povo está passando fome? 60% dos brasileiros estão na informalidade ou estão desempregados, correndo de cima pra baixo, levando comida pra burguesia…vamos pedir pra esse povo ficar em casa? Tem que indenizar e para indenizar é preciso romper com essas loucuras que eles colocaram na Constituição. Vamos fazer um pente fino nos impostos dos grandes, são quase 300 bi por ano, vamos fazer impostos sobre as grandes heranças, vamos cobrar impostos sobre lucros e dividendos. No mundo só o Brasil que não cobra!” – Ciro Gomes
Cuba e Índia na frente
“Porque o Brasil não tem condições de produzir a sua própria vacina e Cuba que é um país mais pobre que o Ceará, um país do tamanho de Pernambuco, em 10 meses produziu sua vacina? E não é por conta do regime cubano não, a Índia que é um pais mais pobre por cabeça que o Brasil desenvolveu a vacina, a China virou protagonista internacional”, comparou o ex-prefeito de Fortaleza.
“Em 1980, o Brasil era 8 vezes o tamanho da China sob o ponto de vista de tecnologia e indústria. Estão destruindo o país há muito tempo. Por falta de projeto, por falta de compromisso com o trabalho, com a produção.”, denunciou Ciro.
Comitê Anticovid
Ciro revelou esperança e pessimismo em relação ao comitê anticovid formado pelo governo, com a participação dos Três Poderes e outros atores nacionais. “Como é que a gente faz pra sair dessa ‘encalacrada’? Eu vou acreditar, embora eu seja capaz de dizer que disso aí não vai sair nada (comitê). Eu já vi esse filme, o Bolsonaro está na antessala de cair, porque é um genocida, um assassino, um irresponsável, um incompetente.”, disse.
Ciro Gomes disse que o comitê foi formado, em maioria, por aliados do governo: “Os governadores não foram chamados como dito, isso é mentira, ele só chamou os governadores que são simpáticos a ele. O Doria não foi chamado, o Camilo Santana aqui do Ceará não foi chamado, só pra mostrar que nem pela direita e nem pela esquerda que o Bolsonaro esta interessado de fato em abrir um diálogo que tire a politicagem do meio”.
“Na verdade essa reunião é só politicagem, a base do Bolsonaro sentiu o ‘fogo no rabo’, resolveu interditar o Bolsonaro e se salvar”, opinou.
Desindustrialização
“O Brasil não desaprendeu de fazer vacina com o Bolsonaro, embora ele esteja arrebentando tudo, piorando tudo”, frisou Ciro, completando: “O Brasil destruiu o seu aparato industrial, destruiu a sua condição de pesquisa e tecnologia e hoje nós precisamos importar remédio pra dor de cabeça!”.
Pazuello
Ciro ainda criticou o ex-ministro da Saúde, o general Eduardo Pazuello, e disparou contra Bolsonaro. “O Bolsonaro está inventando um ministério pra que esse imbecil desse Pazuello tenha foro privilegiado e não pagar pelos crimes que cometeu”, bradou.
Suspeição de Moro no STF
Ciro reiterou que sempre denunciou as ilegalidades de Sergio Moro na Lava Jato, e alertou que a suspeição de Moro, declarada pelo STF, pode gerar uma corrida de ‘picaretas’ condenados por Moro aos tribunais de recursos.
“Todos os picaretas, que inclusive devolveram bilhões de reais para os cofres públicos, vão pedir o mesmo benefício na justiça. Afinal de contas porque o Palocci não vai pedir?”, perguntou, mencionando o ex-ministro dos governos Lula e Dilma, que integrou o PT por anos.
O ex-deputado terminou reforçando as críticas ao PT e condenou os escândalos de corrupção ocorridos durantes os governos petistas. “O Palocci era o braço direito do Lula e da Dilma. Esse cara devolveu 100 milhões e contou em detalhes como fazia. Quem colocou o Michel Temer na sucessão? Ele foi preso!”, concluiu.
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