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Programa Desenrola – A taxa de juros que o governo vai praticar na renegociação das dívidas dos brasileiros, dentro do programa Desenrola Brasil, é o único ponto que suscita dúvidas no economista Nelson Marconi, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), quanto ao sucesso da iniciativa.
Marconi foi um dos principais nomes na campanha de Ciro Gomes (PDT) à presidência em 2022 e é um dos coautores da proposta original que o então candidato Lula (PT) incorporou ao seu programa de governo no segundo turno das eleições majoritárias do ano passado.
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A proposta incorporada do PDT, no entanto, é bem diferente do apresentado pelo novo governo, que divulgou parte do Desenrola Brasil fixando uma taxa de juros 1,99% ao mês, que extrapolada para 12 meses leva a um juro de 25% ao ano.
Marconi reconhece que se trata de uma taxa de juro anual bem abaixo das taxas cobradas sobre a utilização dos limites do cartão de crédito e cheque especial, por exemplo. Mas ainda muito alta para a grande parcela da população endividada, de baixa renda, opina o economista.
Mais de 70 milhões de brasileiros e brasileiras estão atualmente em situação de inadimplência, o que equivale a cerca de 35% de toda a população do Brasil.
“O programa vai ajudar muito o país, mas tenho um pouco de dúvida quanto à taxa de juro, que dá 25% ao ano”, avalia Marconi ao Estadão.
Bancos privados lideram processo
O professor da FGV revela que proposta original – da equipe de campanha de Ciro Gomes – não tinha chegado a fixar uma taxa de juro, mas a ideia era colocar os bancos públicos à frente do programa para que eles sinalizassem o nível mais baixo possível para as instituições bancárias privadas.
“Mas o governo preferiu fazer diferente e colocar os bancos privados à frente do processo”, lamentou Marconi.
Nelson Marconi ressalta que o Desenrola Brasil é um bom programa para a resolução da questão da dívida, mas que não traz uma solução para o problema do baixo crescimento econômico. Para acelerar a economia nacional, defende o economista, é necessária a abertura de novos empregos formais e a retomada de obras de infraestrutura, que precisam de grandes investimentos.
“Ocorre que, na elaboração do arcabouço fiscal, o Executivo e o Legislativo criaram uma série de exceções, com as sociais que são importantes, mas não criaram exceções para o investimento. Os investimentos são muito baixos para a retomada da economia”, criticou o professor da FGV.
(Com informações de Estadão)
(Foto: Montagem/Reprodução)