Lula manda recado a países ricos – Em seu primeiro discurso para a cúpula dos Brics, na África do Sul, o presidente Lula (PT) criticou os países ricos e mandou um recado velado aos europeus.
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“Não podemos aceitar um neocolonialismo verde que impõe barreiras comerciais e medidas discriminatórias, sob o pretexto de proteger o meio ambiente”, afirmou.
O discurso foi interpretado como um recado para a União Europeia por conta de novas leis europeias que preveem que produtos de países em desenvolvimento poderiam ser vetados ou sobretaxados se não cumprirem determinações ambientais.
O governo brasileiro já avisou que poderá inclusive questionar legalmente as normas adotadas pelo bloco e insiste que a “punição” não pode ser a forma de lidar com a questão entre países. Lula afirmou que o Brics “trabalhará para promover um comércio global mais justo, previsível, equitativo”.
Ao levar o termo ‘neocolonialismo verde’ e o tema para a aliança dos países emergentes, diplomatas europeus interpretaram a fala de Lula como uma intenção do presidente brasileiro de usar o bloco para garantir um sistema comercial que possa não só atender a seus interesses, mas também questionar as decisões do G7 e outros grupos econômicos.
‘Terrorismo’ ambiental
O receio de que países da Europa e EUA usem a questão ambiental como uma nova forma de impedir uma concorrência justa entre as economias pelos mercados globais, principalmente em commodities, tem aproximado os emergentes.
O discurso de Lula foi acompanhado com atenção pelos correspondentes europeus, que apontaram para uma ofensiva clara do Brasil em busca de aliados para contestar as novas leis comerciais da UE.
A expectativa é que a questão das barreiras às exportações dos emergentes e a reforma do sistema internacional apareçam com destaque na declaração final do Brics, que ocorrerá ainda esta semana.
Outro destaque em seu discurso foi o projeto de adoção de moedas nacionais para o comércio entre os membros do bloco. Nesse caso, o Banco dos Brics – que tem Dilma Rousseff como presidente – teria um papel fundamental.
“Ao diversificar fontes de pagamento em moedas locais, expandir sua rede de parceiros e ampliar seus membros, o NDB constitui uma plataforma estratégica para promover a cooperação entre países em desenvolvimento.” – Lula (PT)
(Com informações de Jamil Chade em UOL)
(Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)