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Candidatura de Moro – Ana Flávia Gussen/Carta Capital – A pré-candidatura de Sergio Moro à presidência da República abriu uma crise na bancada de deputados federais do Podemos.
Moro é visto como tendo um perfil individualista, tomando decisões sozinho, e tem sido criticado por promover conversas consideradas ‘atrapalhadas’ por aliados.
Por estes e outros motivos, a bancada federal do partido pressiona para que ele migre para o União Brasil ou se candidate ao Senado.
Dos onze parlamentares do Podemos, ao menos sete não querem a candidatura de Moro à Presidência pela sigla.
Eles alegam que a campanha majoritária irá dizimar a bancada federal.
Os motivos vão desde os arranjos regionais à divisão do fundo eleitoral de R$ 229 milhões.
Pesam ainda o desempenho mediano de Moro nas pesquisas e o pouco tempo de televisão.
Diante disso, deputados federais avisaram o ex-ministro do governo de Jair Bolsonaro (PL) e a própria presidente do partido, Renata Abreu:
Vão se desfiliar caso uma solução não seja encontrada.
Eles defendem dois caminhos:
- O Podemos abençoa de vez a candidatura de Moro ao Senado pelo Paraná – tornando essa uma decisão do partido e não apenas de Álvaro Dias, que também pode disputar a vaga.
- O ex-juiz se filia ao União Brasil – fusão do PSL com DEM – , que conta com R$ 1 bilhão em fundo partidário. Caso ele se filie ao UB, o Podemos indicaria a presidente Renata Abreu a vice na chapa de Moro.
“É como colocar o guizo no rabo do gato. Se o Moro é isso tudo, eles entram bancando com a vice e liberam as bancadas para os acordos regionais”, contou um deputado.
Outro parlamentar ouvido pela revista Carta Capital acredita que manter os acordos regionais seria a única saída. “O Podemos é um partido pequeno, com um candidato a Presidência pequeno. A bancada vai a zero”.
Na segunda, Moro foi as redes negar qualquer possibilidade de se candidatar ao Senado.
“Tem muita gente mentindo sobre a minha candidatura porque tem medo de uma candidatura minha à Presidência, porque ela tem a capacidade de romper essa polarização que não interessa a nenhum brasileiro”, afirmou, em vídeo.
Divergências nos estados
Hoje, a bancada do Podemos é dividida entre bolsonaristas (cerca de 80% votam com o governo) e lulistas: ao menos dois deputados, Bacelar (BA) e Ricardo Teobaldo (PE) são próximos a esquerda em seus estados.
Um dos estados onde a candidatura de Moro mais enfrenta resistência interna é a Bahia.
Lá, o deputado Bacelar, também presidente estadual do Podemos, compõe a base do governo de Rui Costa (PT).
Já no Rio, o dirigente Patrique Welber é secretário de Claudio Castro, que apoiará Bolsonaro.
No Paraná, Diego Costa deve deixar o Podemos para compor o palanque bolsonarista.
No Mato Grosso, o deputado José Medeiros, também é dirigente estadual, deve deixar o partido para se candidatar ao Senado em um partido aliado de Bolsonaro.
Jogo muda no Senado
No Senado, porém, Moro tem apoio.
“É possível que alguns deputados não queiram devido aos acordos regionais, mas quem não quiser ir com o Sergio Moro pode sair e, a partir daí, o partido fecha a questão”, afirma o senador Oriovisto Guimarães (PR).
Foto: Lula Marques/Fotos Públicas
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