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Dino critica Zema – Neste domingo (06), o ministro da Justiça, Flávio Dino afirmou que criar distinções entre brasileiros é proibido na Constituição Federal e que aquele que optar por esse caminho é “traidor da Pátria”, usando como referência uma citação de um dos maiores opositores da ditadura militar, Ulysses Guimarães.
A declaração do ministro fez referência à defesa de Romeu Zema (Novo), governador de Minas Gerais, de criar uma frente para “protagonismo” das regiões Sul e Sudeste. A declaração foi dada em entrevista ao jornal Estadão.
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“Nós queremos é que o Brasil pare de avançar no sentido que avançou nos últimos anos – que é necessário, mas tem um limite – de só julgar que o Sul e o Sudeste são ricos e só eles têm que contribuir sem poder receber nada. (Sobre) A reforma tributária, fizemos outro questionamento. Está sendo criado um fundo para Nordeste, Centro-Oeste e Norte. Agora, o Sul e o Sudeste não têm pobreza?”, afirmou o governador mineiro.
“Isso não pode ser intensificado, ano a ano, década a década. Se não você vai cair naquela história do produtor rural que começa só a dar um tratamento bom para as vaquinhas que produzem pouco e deixa de lado as que estão produzindo muito”, complementou.
Dino classificou a declaração como “absurda” e chamou os interessados no assunto de “extrema-direita”.
“É absurdo que a extrema-direita esteja fomentando divisões regionais. Precisamos do Brasil unido e forte. Está na Constituição, no art. 19, que é proibido ‘criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si’. Traidor da Constituição é traidor da Pátria, disse Ulysses Guimarães”, publicou Dino no Twitter.
É absurdo que a extrema-direita esteja fomentando divisões regionais.
Precisamos do Brasil unido e forte. Está na Constituição, no art 19, que é proibido “criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si”.
Traidor da Constituição é traidor da Pátria, disse Ulysses…— Flávio Dino 🇧🇷 (@FlavioDino) August 6, 2023
Após a repercussão da entrevista, Zema tentou colocar panos quentes no assunto, afirmando que a frente não vai se posicionar contra outras regiões.
“A união do Sul e Sudeste jamais será pra diminuir outras regiões. Não é ser contra ninguém, e sim a favor de somar esforços”, escreveu no Twitter no domingo.
A união do Sul e Sudeste jamais será pra diminuir outras regiões. Não é ser contra ninguém, e sim a favor de somar esforços. Diálogo e gestão são fundamentais pro país ter mais oportunidades. A distorção dos fatos provoca divisão, mas a força do Brasil tá no trabalho em união.
— Romeu Zema (@RomeuZema) August 6, 2023
“Protagonismo” do Sul e Sudeste
Em entrevista ao Estadão no sábado (05), Zema afirmou que os governadores do Sul e do Sudeste querem mais “protagonismo” na política e na economia e pretendem agir em bloco para evitar perdas econômicas e de espaço político para outras regiões. O grupo também avalia a possibilidade, segundo o governador de Minas, em um possível lançamento de um candidato de direita à presidência nas eleições de 2026.
“Ficou claro nessa reforma tributária que já começamos a mostrar nosso peso. Eles queriam colocar um conselho federativo com um voto por Estado. Nós falamos: não, senhor. Nós queremos proporcional à população. Por que sete Estados em 27, iríamos aprovar o quê? Nada. O Norte e Nordeste é que mandariam. Aí, nós falamos que não. Pode ter o conselho, mas proporcional. Se temos 56% da população, nós queremos ter peso equivalente”, afirmou.
A declaração de Zema resultou em críticas, como a do governador da Paraíba e presidente do Consórcio Nordeste, João Azevêdo (PSB), que classificou a fala do governador mineiro de “infeliz”.
“É um grande equívoco quando se estimula uma divisão no País, que já foi dividido pelo processo eleitoral. Estamos em um processo de reconstrução e aí vem alguém e faz uma declaração dessa”, afirmou Azevêdo.
Já o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), disse que o conselho que irá reunir os governadores do Sul-Sudeste quer agir por mais equilíbrio.
“Nunca achamos que os Estados do Norte e Nordeste haviam se unido contra os demais Estados. Ao contrário: a união deles em torno de pautas de seus interesses serviu de inspiração para que, finalmente, possamos fazer o mesmo, nos unirmos em torno do que é pauta comum e importante aos Estados do Sul e Sudeste”, disse o governador gaúcho.
Lideranças políticas avaliam que a fala de Zema tem uma explicação clara no curto prazo: as disputas em torno da reforma tributária.
O tema dividiu os estados em dois blocos: de um lado, governadores do Norte, Nordeste e Centro-Oeste, com maioria no Senado, que se sentiram prejudicados com o texto aprovado pelos deputados federais; de outro, Sul e Sudeste, com maioria na Câmara.
(Com informações de Estadão)
(Foto: Montagem/Reprodução)