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Redução nos juros do consignado – É chocante a informação de que o Governo Lula (PT) está irritado com o ministro da Previdência, Carlos Lupi, por ter aprovado, durante reunião do Conselho Nacional da Previdência Social (CNPS), a redução da taxa máxima de juros cobrada nos empréstimos consignados para aposentados e pensionistas do INSS.
Pressionado pelas centrais sindicais, o Conselho decidiu pela redução do teto dos juros, que passará de 2,14% ao mês para 1,70% no caso do empréstimo consignado convencional.
Nesta terça-feira (14), o presidente cobrou publicamente seus ministros, para que não divulguem ou encaminhem propostas de governo sem antes passar pela Casa Civil. Uma fonte do Planalto informou ao blog de Ana Flor no site G1 que a cobrança de Lula teve como motivação a mudança no consignado do INSS.
Não é razoável que o governo do presidente que vai a público exigir do Banco Central (BC) – e seu presidente, Roberto Campos Neto – uma redução da taxa de juros (Selic) se irrite com a primeira e única redução de juros em seu governo até o momento.
Beira o surreal o presidente criticar uma redução de juros no INSS enquanto ‘denuncia’ as taxas abusivas cobradas dos brasileiros na televisão e na internet.
Ora, o discurso contra os juros abusivos então é só da boca para fora?
Vale lembrar que existe um projeto no Senado, apresentado por Paulo Paim, do PT, que prevê o limite de cobrança de 15% de juros ao ano para instituições financeiras. Afinal, estamos todos de acordo em enfrentar os juros abusivos cobrados no país ou não estamos?
Na campanha, é natural exagerar nos discursos, inflamá-los, para comover o eleitorado. Mas quando um presidente assume o poder, espera-se que ele diga o que faz e faça o que diga.
O governo eleito para reconstruir o país – e para isso, é necessário reverter inúmeros retrocessos efetivados nos últimos anos – parece com medo de propor qualquer mudança.
A irritação deveria ser por outro motivo: após 75 dias de governo, ainda não há uma palavra sobre a revogação das maldades da Reforma Trabalhista de 2017, que destruiu as relações de trabalho no país e transformou o Brasil em um celeiro de escravidão moderna, como a epidemia de trabalhadores resgatados em situação análoga à escravidão pode comprovar.
Até quando vai o silêncio a inércia do governo do Partido dos Trabalhadores sobre – esse sim – absurdo?
(Foto: Montagem/Reprodução)