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Filha de empresário agredido por petista – Uma fala do ex-presidente Lula (PT), em Diadema (SP), agradecendo a Manoel Eduardo Marinho, conhecido como Maninho do PT, por um episódio de agressão contra um empresário bolsonarista, gerou bastante polêmica no último fim de semana.
No último sábado (09), Lula agradeceu Maninho por “defendê-lo” na ocasião e fez referência ao período em que o ex-vereador ficou preso preventivamente pela tentativa de homicídio.
“Maninho, por me defender, ficou 7 meses preso porque resolveu não permitir que um cara ficasse me xingando. Quero, em teu nome, agradecer a toda solidariedade do povo de Diadema. Obrigado, Maninho! Essa dívida que tenho com você, jamais a gente pode pagar em dinheiro”, disse o ex-presidente.
No mesmo dia, horas depois, uma discussão em Foz do Iguaçu, no Paraná, acabou com um petista assassinado a tiros por um bolsonarista.
Reportagem de Samuel Pancher publicada pelo site Metrópoles revela trechos do depoimento de Maninho, colhido em maio deste ano, no processo em que ele é réu por tentativa de homicídio.
Segundo o site, o ex-vereador diz na oitiva que gostaria de pedir perdão à vítima, o que não é mais possível, já que ela faleceu em 30 dezembro de 2021, aos 60 anos.
“Tenho um arrependimento enorme de ter acontecido esse fato, ainda mais agora com a morte dele. Eu queria vê-lo e pedir perdão. Eu fui levado pela emoção e tenho um enorme arrependimento de ter acontecido esse fato.”, teria dito Maninho às autoridades.
Sequelas irreversíveis
A família diz que sequelas da agressão contribuíram para o agravamento da saúde de Bettoni nos últimos anos – tese corroborada por laudos médicos, aos quais o Metrópoles teve acesso.
Em abril de 2018, Carlos Alberto Bettoni foi agredido pelo petista e empurrado contra um caminhão, o que gerou consequências graves para a saúde do empresário.
Sofrendo com crises convulsivas, sequelas neurológicas e nervosas, foi internado diversas vezes, no início, na rede privada de saúde.
Com a piora da situação financeira do empresário – que não conseguiu retornar ao trabalho após a agressão -, as últimas internações ocorreram no Sistema Único de Saúde (SUS).
Em dezembro, Bettoni teve nova crise convulsiva e precisou ser internado em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), onde contraiu Covid-19. Mesmo com duas doses de vacina, ele teve o quadro agravado por conta de suas comorbidades e não resistiu.
Filha se indigna com fala de petista
A filha única do empresário – que pediu para ter sua identidade preservada -, conta que os anos seguintes à agressão foram de muito sofrimento.
“Meu pai tinha a saúde perfeita antes do ocorrido. Eu o vi decaindo. Foi muito triste e difícil. Ele faleceu em 2021, mas, para mim, a vida dele acabou em abril de 2018”, relatou.
A mulher condena as declarações de Lula e revela que a fala do petista a fez reviver o trauma.
“Me fez reviver essa agressão. Ter que ouvir de novo como se fosse um nada que tivesse acontecido. Não entendo a necessidade e a frieza em dizer isso”.
Processa ainda aguarda julgamento
Mais de quatro anos após o crime, o processo ainda não foi a julgamento.
Na denúncia que transformou o ex-vereador e seu filho em réus por tentativa de homicídio, o Ministério Público é incisivo.
“O crime foi cometido com emprego de meio cruel, os indiciados elegeram para a prática delitiva, meio apto a provocar no ofendido intenso e atroz sofrimento físico, em contraste com o mais elementar sentimento de piedade humana”, assinala o promotor de Justiça Felipe Zilberman.
No depoimento, Maninho confessa os atos violentos contra Carlos Alberto e confirma que a vítima não reagiu às agressões físicas, só proferiu xingamentos.
“Consegui empurrá-lo algumas vezes, ele continuou xingando, e eu segui empurrando ele. Cheguei a dar um chute na canela e, no final, ele se virou contra mim e eu dei um tapa com a mão aberta no rosto dele e ele caiu”, relata o petista.
Segundo a reportagem, o Partido dos Trabalhadores se recusou a comentar a fala de Lula.