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A decência humana de Daciolo – Quero compartilhar uma história sobre Cabo Daciolo. Não tem nada a ver com a eleição. Vote em quem quiser.
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David Miranda e Daciolo só se conheceram há alguns meses, quando se encontraram no mesmo partido. Rapidamente se formaram uma amizade. David falava muito sobre o vínculo deles.
Desde que David foi internado na UTI há 2 meses, Cabo Daciolo não parou de ligar para perguntar sobre David, mandar orações, dar conforto. Ele foi para o quarto de David na UTI para orar por David e com ele – inclusive pouco antes a eleição dele. Poucos no mundo político fizeram tanto.
Ele fez tudo isso sem buscar qualquer atenção. Ele me disse que não queria nenhuma atenção da mídia, não buscava nenhuma publicidade.
Eu estou falando sobre isso por conta própria porque significou muito para mim, e fornece muitas lições sobre como julgamos as outras pessoas.
É fácil colocar várias bandeiras e hashtags no seu perfil, ou afirmar que acredita em causas políticas, ou buscar aplausos denunciando publicamente outros como menos esclarecidos do que você.
Essas podem trazer benefícios, mas não refletem muito sobre o caráter de uma pessoa.
Muito mais significativo e valioso é o que você faz na vida, como trata os outros, a humanidade que você mostra.
As coisas que você faz quando ninguém está olhando refletem muito mais sobre seus valores do que os slogans que canta e as bandeiras que você acena para os outros.
Quando David postou 2 fotos com Cabo, foi atacado por pessoas alegando que Daciolo está cheio de “ódio”. Muitas deles pareceram cheias de ódio.
Tendo visto as ações de Cabo nos momentos mais difíceis para nossa família, eu usaria muitas palavras para ele. “Odioso” é a última.
Claro que a política importa. Importa muito. É trabalho de David, e meu.
Mas se a política leva você a odiar seus vizinhos e todos que veem o mundo de forma diferente – em vez de ficar com raiva dos centros de poder – está desempenhando um papel muito distorcido em sua vida.
Tenho o telefone do David desde que está hospitalizado. Está cheio de mensagens privadas de carinho de pessoas de todos os partidos, de todas as ideologias. Quero dizer: *Todos. Também é meu.
As pessoas que enviam essas mensagens não têm nada a ganhar com isso: só decência humana.
Se decidir descartar ou, pior, odiar todos que veem o mundo de forma diferente, está andando em um caminho escuro e vazio, e se privando de oportunidades valiosas.
Política importa sim. Mas, *por design*, muitas vezes obscurece a humanidade comum que impulsiona a maioria de nós.
Eu entendo que para a maioria das pessoas esta semana, tudo é sobre política. Não é para mim.
Agora me preocupo só com meu marido e família. Não se trata de quem votar. Conheço e tenho um respeito enorme por Alessandro Molon. Ele seria um grande senador. Isso não é sobre isso.
É fácil na política transformar os outros em desenhos e caricaturas. Agora interagimos pelo mundo com as redes, que nos permitem ver os outros como personagens digitalizados em vez de humanos.
A crise da nossa família me ensinou muito, e sou grato ao Cabo por ajudar com isso.
Por Glenn Greenwald, escritor, advogado, jornalista norte-americano, vencedor do Prêmio Pulitzer de jornalismo em 2014 por conta do Wikileaks, radicado no Rio de Janeiro
(Publicado originalmente pelo portal Disparada)
(Foto: Reprodução)
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Este texto é opinativo e não reflete, necessariamente, a opinião do site Brasil Independente.