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Governo Bolsonaro descartou milhões de doses de vacina – Sem distribuição, quase 2 milhões de doses da vacina da AstraZeneca contra a covid-19 foram incineradas no ano passado.
O Ministério da Saúde não entregou as vacinas aos estados a tempo, e o prazo de validade expirou.
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A apuração é do repórter Carlos Madeiro, do UOL, com base numa auditoria feita pelo TCU (Tribunal de Contas de União), que pede o ressarcimento de R$ 1 milhão pelo desperdício.
As 1,9 milhão de doses destruídas eram parte das 2,18 milhões doadas pelo governo dos Estados Unidos por meio de um acordo de cooperação internacional.
Elas chegaram no Brasil no dia 21 de novembro e venciam dia 31 de dezembro, ou seja, havia menos de 40 dias para utilização. Mesmo assim, o Ministério da Saúde aceitou a doação “com prazo de validade bastante exíguo e sem prévia estratégia de utilização em tempo hábil”, diz o TCU.
Além disso, as vacinas foram liberadas para uso apenas em 10 de dezembro pela Anvisa, que fez análise de qualidade nos imunizantes quando chegaram ao país.
No final das contas, apenas 282 mil imunizantes foram distribuídos aos estados.
O TCU aponta que o ministério não levou em conta “o período que seria gasto para regularização das questões burocráticas e técnicas de tramitação e importação, bem como o tempo necessário para distribuição aos estados e a efetiva disponibilização”.
O desperdício de quase R$ 1 milhão que agora o TCU pede ressarcimento vem das despesas com “transporte, desembaraço aduaneiro, armazenagem e incineração, sem trazer benefícios à população”, situação que não teria acontecido se houvesse planejamento adequado.
Governo comemorou doação
Quando recebeu as doses, o governo de Jair Bolsonaro publicou uma nota agradecendo “a solidariedade norte-americana, reflexo esta dos intensos laços de amizade e cooperação entre os dois países”.
O ministro da Saúde na época, Marcelo Queiroga, também comemorou a doação no dia em que os imunizantes chegaram ao país.
“Chegaram agora pela manhã mais de 2 milhões de doses de vacina Covid-19 doadas pelos Estados Unidos. Agradeço pela parceria. Juntos, vamos vencer esta pandemia!”, escreveu em uma rede social
No entanto, o TCU considerou um erro aceitar os imunizantes com prazo de validade tão curto e sem planejamento para garantir sua aplicação, por isso os gastos com a operação devem ser ressarcidos ao erário.
“Cabe registrar que as vacinas já não admitiam prorrogação da data de vencimento, uma vez que já possuíam certificado de extensão de validade nos Estados Unidos, de modo que a data de 31/12/2021 já resultava de prorrogação efetivada no país de origem.”
Agora, os responsáveis pelo desperdício têm 15 dias – a contar de 1º de março, data de publicação do acórdão – para apresentar defesa ou pagar R$ 1 milhão aos cofres públicos.
(Com informações de UOL)
(Foto: Montagem/Reprodução)