Share This Article
O pré-candidato a presidente Ciro Gomes (PDT) explicou em entrevista ao canal do portal O Antagonista nesta sexta-feira (3) por que ainda não consolidou nenhuma aliança para as eleições de 2022. Criticado por seu temperamento classificado por seus adversários como “explosivo”, o ex-governador do Ceará negou que isso tenha qualquer influência nas articulações com outros partidos.
“O que me impede de compor com as outras forças são minhas ideias, não tem nada a ver com meu temperamento. Pergunta para o Kassab [Gilberto Kassab, presidente nacional do PSD] em quem ele votou em 2002? O problema é o seguinte: o que eu represento no Brasil? Eu sou um penetra numa festa que quer obrigar todo mundo a aceitar duas pessoas cuja percepção de mundo é a apologia da ignorância, que aceitam que a corrupção é um elemento legítimo na centralidade de poder deles, e eu sou contra isso”, afirmou.
Uma aliança muito especulada pela mídia é com a senadora Simone Tebet, pré-candidata à presidência pelo MDB. Sobre essa possibilidade, Ciro revelou que eles se “mandam um ‘zapzinho’ aqui e acolá, mas não é nada de entendimento, de acordo”. Para ele, Simone “é uma boa pessoa, mas é uma incógnita”, porque não se sabe qual sua proposta.
“Eu considero que o debate de 2022 tem que ser um diagnóstico sobre a mais grave e complexa crise da história brasileira. Atribuo essa crise a um modelo econômico errado e ao modelo de governança política criminoso, e proponho alternativas concretas e práticas. A rigor, eu não sei o que a senadora Simone pensa sobre todos esses assuntos”, ponderou.
Outra dificuldade apontada por Ciro é se o MDB realmente irá homologar a candidatura da senadora. “O que eu tenho visto acontecer mais perto de mim, com Eunício Oliveira, Renan Calheiros, com a turma da quadrilhona do lulopetismo, é que está todo mundo contra a candidatura dela”.
Ainda sobre os bastidores, Ciro revelou que “nunca deixou de conversar com os militares”, mas que considera que os que participam do governo Bolsonaro não fizeram um bom trabalho. “A parte bem-intencionada saiu toda, o que está aí ainda são os mal-intencionados, aqueles que tomaram gosto pela boquinha e pelo fascismo mais exacerbado”, disse.
Temperamento explosivo?
Quando confrontado por vídeos que circulam na internet em que ele aparece discutindo com outras pessoas, Ciro se defendeu dizendo que nunca cometeu qualquer arbitrariedade quando ocupou cargos público, mas que é uma pessoa comum. “Meu último mandato, em que eu tinha a obrigação de ter uma representação política, foi em 2006, quando fui o deputado federal mais votado do país. Eu não faço da política um meio de vida, eu ando nos aeroportos. O Lula faz 20 anos que não pisa num avião de carreira. Eu não ando com segurança”, acrescentou.
A preocupação com a segurança do presidenciável aumentou justamente em uma das situações mostradas em vídeo, em que ele foi abordado por um apoiador de Bolsonaro durante visita à Agrishow em abril deste ano, em Ribeirão Preto (SP). Segundo ele contou, o homem o abraçou em certo momento e também xingou sua esposa. “Agora vou ser candidato, tudo bem, vou aceitar segurança, mas eu acho isso tudo muito errado. As pessoas deviam ser comuns e participar da política, como eu sempre fiz aqui no Ceará. Quando fui governador, vê se eu fui morar em palácio? Não aceitei receber três aposentadorias, porque considero imoral. Eu ganharia hoje 100 mil reais em números arredondados. É muito diferente mesmo”.
Questionado sobre se ser “diferente” significa que ele se considera um outsider mesmo com mais de 40 anos de vida pública, Ciro negou. “Não sou um outsider, sou uma pessoa que tem convicção que o Brasil precisa mudar o modelo econômico e de governança política”, resumiu.
Confira aqui a íntegra da entrevista.
Leia também
Ciro segue crescendo segundo nova pesquisa IPESPE – O ex-ministro Ciro Gomes (PDT) mantém sua tendência de crescimento em nova pesquisa IPESPE divulgada nesta sexta-feira (03).