Justiça condena Bolsonaro a indenizar jornalista – O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), por 4 votos a 1, decidiu manter a condenação em primeira instância do presidente Jair Bolsonaro (PL) por ofender a honra da jornalista Patrícia Campos Mello. Além de reafirmar o veredito em favor da repórter, a corte aumentou a indenização que deve ser paga a ela, de R$ 20 mil para R$ 35 mil.
Bolsonaro foi processado por fazer um trocadilho de conotação sexual insinuando que Patrícia faria qualquer coisa para atingi-lo. A apoiadores em frente ao Palácio do Planalto, o presidente disse:
“Ela [Patrícia] queria um furo. Ela queria dar o furo a qualquer preço contra mim (risos)”.
No jargão jornalístico, “furo” se refere a notícia exclusiva e de grande impacto.
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A jornalista virou alvo de Bolsonaro e seus seguidores após ter revelado, ainda durante as eleições de 2018, um esquema de disparo em massa de mensagens em favor dele.
A declaração do presidente foi feita em referência ao depoimento na CPMI das Fake News de Hans River do Nascimento, ex-funcionário de uma das agências contratadas para fazer os disparos em massa por WhatsApp, que afirmou que Patrícia queria “um determinado tipo de matéria a troco de sexo”.
Votaram pela condenação de Bolsonaro a relatora Clara Maria Araújo Xavier e os desembargadores Pedro de Alcântara, Silvério da Silva e Theodureto Camargo, da 8ª Câmara de Direito Privado do TJ-SP. Apenas o desembargador Salles Rossi discordou de seus pares e acolheu a tese da advogada do presidente, Karina Kufa, de que a palavra “furo” não foi usada com conotação sexual.
Acompanhando a relatora, Theodureto Camargo declarou que a fala de Bolsonaro foi debochada e irônica. “Não se tratou de uma fala inofensiva. Houve manifesto propósito de menosprezar ou desacreditar a autora”. Para Silvério da Silva, não se tratou “apenas do exercício da liberdade de expressão” e a interpretação ofensiva apresentada pela defesa de Patrícia é “perfeitamente aceitável”.
Repercussão
Patrícia Campos Mello comemorou a decisão dos magistrados de que “não é aceitável um presidente da República ofender, usando uma insinuação sexual, uma jornalista” e afirmou que o caso significa uma vitória para todas as mulheres.
O pré-candidato do PDT à presidência, Ciro Gomes, parabenizou a jornalista por ter ganhado a causa mais uma vez e a atuação do TJ-SP.
“ Que a justiça continue sendo feita!”, disse em suas redes sociais.
Simone Tebet (MDB) também celebrou o resultado e afirmou que “Patrícia nos representa”, ao compartilhar uma mensagem da jornalista.
Fonte: Folha de S.Paulo
Foto: Reprodução