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Liquidação do Ceitec é adiada – O Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec) decidiu adiar sua própria liquidação por seis meses. A decisão foi divulgada nesta terça-feira (14) por publicação no Diário Oficial da União, mas foi tomada na semana passada em Assembleia Geral Extraordinária.
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Além de adiar a liquidação do Ceitec, a reunião trocou o responsável pelo processo. O antigo liquidante, o oficial da reserva da Marina Abílio Eustáquio de Andrade Neto, foi substituído por Augusto Cesar Gadelha Vieira, chefe do Laboratório Nacional de Computação Científica.
Até o ano passado, o Ceitec tinha 44 patentes e cerca de 180 servidores, que coordenam a única empresa na América Latina capaz de fabricar semicondutores com o “padrão Vale do Silício”, região que concentra empresas que desenvolvem tecnologia de ponta nos Estados Unidos.
A liquidação do Ceitec incluiria a criação de uma entidade sem fins lucrativos para manter o controle das patentes, mas o processo de liquidação foi barrado pelo Tribunal de Contas da União por não haver “interesse público”.
Comitê estuda como pôr fim à liquidação do Ceitec
Na semana passada, o governo estabeleceu um comitê interministerial para avaliar a reversão da privatização e encerramento do Ceitec, bem como propostas para estimular a pesquisa e desenvolvimento de semicondutores.
Com prazo inicial de duração de 120 dias, o grupo de trabalho será liderado pela ministra de Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos.
Ao final do estudo, um relatório deverá ser apresentado com opções para reverter a privatização, princípios para a gestão do negócio que estejam em linha com as políticas públicas do setor e maneiras pelas quais o Ceitec pode contribuir para o estímulo do desenvolvimento de semicondutores.
Por que o governo quer barrar a liquidação do Ceitec
O Ceitec é uma empresa pública brasileira que produz chips para diversos setores, como automotivo, de telecomunicações e de identificação. A empresa é considerada estratégica para a soberania nacional, pois é responsável pela produção de tecnologia de ponta no Brasil, além de ser a única fabricante de semicondutores da América Latina.
Liquidação do Ceitec na contramão do mundo
O governo indiano, parceiro do Brasil no Brics, lançou no ano passo um programa de incentivo de US$ 10 bilhões para desenvolver um ecossistema de semicondutores no país.
Em 2015, a China, também membro do Brics, destacou os semicondutores como prioridade na iniciativa “China Manufacturing 2025”. Os fundos apoiados pelo governo chinês planejam investir em novas instalações e equipamentos de fabricação para fortalecer a cadeia de suprimentos.
Empresas como a taiwanesa TSMC e a sul-coreana Samsung estão aguardando recursos dos EUA para a fabricação dos chips, que têm demanda crescente no mundo, mas um mercado que enfrenta dificuldades para supri-la.
A TSMC, maior fabricante de chips do mundo, teve lucro líquido de US$7,95 bilhões no segundo trimestre de 2022, uma alta de 76% na comparação com o mesmo período do ano anterior.
A escassez de semicondutores tem causado interrupções na produção automotiva, com 170 mil veículos deixando de ser fabricados no país no primeiro semestre de 2022.
A crise global de abastecimento no mercado de semicondutores causada pela pandemia de Covid-19 deve persistir no médio prazo, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee).
(Com informações de O Antagonista e Jornal JA)
(Foto: Reprodução)