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Getúlio Vargas – O jornalista Lira Neto, autor da principal biografia de Getúlio Vargas, visitará São Borja (RS) no próximo dia 12 para conhecer um acervo pouco conhecido do líder gaúcho, composto por cerca de 4.000 itens guardados no museu municipal que leva o nome do ex-presidente.
A ideia de Lira é digitalizar e colocar na internet todo esse material, que inclui centenas de fotografias, documentos pessoais e mais de mil livros de uma biblioteca particular do político. “Ninguém sabe direito o que é que tem lá. Estou com a expectativa de encontrar muita coisa interessante que eu não conheço, mesmo pesquisando há anos o assunto”, afirma ele à coluna.
O projeto será realizado pelo Centro de Memória do Instituto para Reforma das Relações entre Estado e Empresa (IREE), que tem Lira como coordenador. A entidade assinou um convênio com a Prefeitura de São Borja, que possibilitou aos pesquisadores acesso irrestrito ao acervo do museu.
Acervo
Além de digitalizar e disponibilizar em um site todo esse material, uma segunda etapa da iniciativa prevê novas publicações e a realização de seminários a partir do que for encontrado no local. Segundo Lira Neto, um livro com fotografias inéditas de Getúlio é uma das possibilidades que podem sair desse trabalho.
O jornalista destaca que Getúlio deixou um “acervo monumental” sobre a sua vida. Embora muito desse material já seja conhecido, as surpresas que podem surgir são “inevitáveis”, segundo afirma ele. “Quem trabalha com pesquisa sabe que, por mais que eu tenha passado seis anos da minha vida vasculhando todos os arquivos de Getúlio, sempre aparece um documento novo, algo relevante. E é, por isso, que eu sempre digo que não acredito em biografias definitivas”, pontua.
“O Getúlio dizia que preferia ser interpretado do que se explicar”, comenta Lira. “Este trabalho é uma forma de tentar, cada vez mais, ajudar na compreensão desse personagem tão enigmático e tão controvertido.”
O jornalista destaca que toda a pauta contemporânea que o Brasil discute hoje passa por Getúlio. “O tamanho do estado, maior ou menor, o petróleo, a legislação trabalhista, a regulamentação da Previdência”, enumera. “É importante que tenhamos cada vez mais conhecimento sobre ele para poder, inclusive compreender os caminhos e descaminhos do Brasil nessas últimas décadas”, opina.
Para Lira, um dos destaques do acervo do museu de São Borja é a existência de uma biblioteca particular do líder gaúcho. “Pelo que eu conheço do Getúlio, além de um leitor voraz, ele tinha o costume de anotar muito às margens dos livros. É interessante para um pesquisador e para a história saber não só o que ele lia, mas como ele lia, isto é, que tipo de anotações ele fazia nos livros”, exemplifica.
Segundo o jornalista, página por página dos livros serão digitalizadas dentro do projeto. “Eu estou indo para São Borja com muita curiosidade e muito entusiasmo”, afirma.
(Com informações de Folha de S. Paulo)
(Foto: Reprodução)