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A história do Brasil é um tema sempre muito maltratado. É muito importante os trabalhadores brasileiros conhecerem a sua história, nesse sentido, o Voz Operária RJ publica um fato marcante na construção da democracia brasileira, o movimento legalista de 1955, que faz aniversário hoje.
Há 62 anos, no dia 11 de novembro de 1955, a mesma classe dominante responsável pelo o suicídio do Presidente Getúlio Vargas, que golpeou o Presidente João Goulart e mais atualmente derrubou o Governo Dilma, promoveu um golpe para impedir a posse do Presidente leito Juscelino Kubitschek (JK) e seu vice João Goulart.
Em resposta, o Marechal Henrique Teixeira Lott: O Marechal da Legalidade, sufocou o a tentativa de golpe e salvou o regime democrático brasileiro, garantindo a posse do Presidente JK.
O dia 11 de novembro foi o estopim de uma crise que começou tempo antes. Em 24 de agosto de 1954, o Presidente Getúlio Vargas decidiu se suicidar para impedir um iminente Golpe de Estado encabeçado pela UDN (União Democrática Nacional) – partido representante da classe dominante, jornal globo, grandes industriais, bancos, latifundiários e do Imperialismo dos Estados Unidos -, e por setores entreguistas e fascistas das Forças Armadas.
O suicídio de Vargas colocou grande parcela da classe trabalhadora em movimento contra o golpe, o que fez esses setores recuarem e adiarem seu golpe.
O Vice de Vargas, Café Filho assumiu o poder após o suicídio de Vargas, Sedendo a pressão da UDN, Café engavetou as políticas trabalhistas e escolheu a UDN para ocupar praticamente todos os Ministérios do Governo, entre eles, Marechal Lott um dos poucos ministros não filiados à UDN.
Em 3 de outubro de 1955, Juscelino Kubitschek (PSD) foi eleito presidente e João Goulart (PTB) vice. O resultado da eleição retomaram as iniciativas golpistas iniciadas em 1954. JK, que na época era governador do estado de Minas Gerais, foi o único governador do país a participar do velório do presidente Vargas. Jango foi ministro do Trabalho de Getúlio e perdeu o cargo por pressão dos militares, após dobrar o valor do salário mínimo.
A UDN e os setores entreguistas das Forças Armadas, não tinham dúvida de que JK e Jango colocariam na agenda de governo as pautas trabalhistas e se prepararam para dar um golpe, impedindo a posse dos eleitos e tomando o poder a favor do capital estrangeiro, latifúndio e classe dominante.
Em novembro, Café Filho sofreu um suposto “distúrbio cardiovascular”, não se sabe se o mal cardíaco foi uma desculpa de Café Filho para abrir caminho para que os golpistas, liderados por Carlos Luz ou se ele de fato adoeceu por não suportar a pressão do grupo golpista. No dia 8, o Presidente se licencia e transmitiu o poder para o presidente da Câmara, Carlos Luz.
O Marechal Lott, que era Ministro da Guerra de Café Filho, pede demissão após o Presidente Carlos Luz não punir discursos de oficiais incitando o golpe militar. Carlos Luz aceitou a demissão de imediato, pois queria se livrar de Lott, que era legalista e tinha as tropas nas mãos, e assim abriria caminho para um golpe militar que impediria a posse de JK.
Percebendo a manobra golpista, Marechal Lott corre para orquestrar um contragolpe. Na madrugada do dia 11, mobiliza quartéis de várias partes do país. Na capital, cerca o Palácio do Catete.
Durante a manhã de 11 de novembro, a cidade do Rio de Janeiro, então Capital Federal, foi palco de uma guerra. Militares do Forte de Santa Cruz da Barra (Niterói) e Forte de São João (Urca) dispararam seus canhões contra o navio de guerra Tamandaré, o mais poderoso navio da Marinha Brasileira. A bordo estavam Carlos Luz, o deputado Carlos Lacerda (UDN) e mais mil militares.
Luz acabava de ser deposto e tentava montar um governo para impedir a posse de JK. Nenhum disparo dos Fortes acertaram o cruzador. O navio fugiu para São Paulo, onde os golpistas pretendiam organizar um governo paralelo.
No mesmo dia, Marechal Lott foi até a Câmara dos Deputados e o Senado para derrubada formal do golpista Carlos Luz. Em sessões tumultuadas, os deputados e os senadores aprovam o impedimento de Luz.
Com o presidente morto, o vice doente e o presidente da Câmara impedido, tomou posse no Catete naquela mesma noite o vice-presidente do Senado, Nereu Ramos. Em menos de uma semana, foi a terceira pessoa a ocupar a Presidência da República.
O cruzador Tamandaré, ao chegar ao porto de Santos (SP), deparou-se com o Porto ocupado pelos soldados de Lott. Carlos Luz não conseguiu desembarcar e a tentativa de montar um governo paralelo em São Paulo cai por terra.
Dessa forma, o movimento legalista de 11 de novembro consegue abortar o golpe da UDN, de parte dos militares e do próprio Luz. A sanha golpista, no entanto, continuaria. Dias depois, os conspiradores começam a tramar o segundo golpe.
No dia 21 de novembro, Café Filho deixava o hospital e mandava um comunicado a Nereu Ramos avisando que já está recuperado do problema cardíaco e assumiria o poder. Café Filho era um elemento confiável da UDN, havia pressionado Getúlio para renunciar e feito oposição a candidatura de JK e Jango.
Marchal Lott percebendo a organização de uma nova tentativa de golpe manda seus soldados cercarem a residência de Café Filho, em Copacabana. Assim, Café não consegue sair de casa e voltar para o Palácio do Catete.
Marechal Lott patriota e democrata
O Presidente Nereu Ramos conclui o mandato que pertencia a Vargas em 31 de janeiro de 1956 e transmite a faixa presidencial a JK. Preservando assim a democracia. As tentativas de golpe continuariam até 1964.
Em 1960, Lott seria candidato à Presidente da República, mas seria derrotado por Jânio Quadros, apoiado pela UDN. O presidente logo renuncia, dando lugar ao vice, João Goulart (PTB). Leonel de Moura Brizola, Governador do Rio Grande do Sul, organiza a Campanha da Legalidade, defendendo a posse do João Goulart. Em 1964, os mesmos setores que tentaram tomar o poder em 1954 e 1955, golpeiam o Presidente Jango através de um golpe militar.
Na história nacional, Marechal Lott é pouco conhecido, principalmente porque a Ditadura Militar atacou seu legado. Quando morreu em 1984, apesar de ser Marechal, seu enterro aconteceu sem honras militares. Leonel Brizola, na época governador do Rio de Janeiro declarou que, na sua volta do exílio, a primeira pessoa que visitou foi o marechal.
Na ocasião, Sobral Pinto advogado de presos políticos do Estado Novo e Ditadura Militar declarou… “se tivesse ido para a presidência do Brasil, teria instaurado um governo de legalidade e de respeito à pessoa humana, e uma vinculação com partidos políticos, porque era um democrata sincero, inteligente e honrado. Com Lott na presidência, não teríamos ditadura militar durante vinte anos, não teríamos a falência nacional. Nada disso teria acontecido.”
Fonte: Voz Operária
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