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“Juro real mais elevado” – Apesar das comemorações do governo, em especial do ministro Haddad e dos analistas e comentaristas dos principais veículos de comunicação com a redução de 0,5 % na Taxa Selic, na prática o Juro Real está mais elevado do que nos últimos meses.
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De fato, se considerarmos o IPCA no acumulado de 12 meses a taxa registrou apenas 3,16% e se compararmos com a taxa Selic de 13,25%, definida pela última reunião do Copom, verificamos uma taxa de Juro Real da ordem de 10,09%.
Outra comparação pode ser feita: considerando a expectativa da taxa anual de inflação em 4,84%, verificaremos a ocorrência, no momento, de uma taxa de Juro Real da ordem de 8,41%, ainda superior aos 8% verificados em meses anteriores recentes.
O que se pode perceber é que a taxa de Juros Real nos atuais níveis causa um impacto altamente recessivo nas várias operações de crédito e um custo que talvez supere, com folga, os eventuais benefícios – alardeados para sustentar a sua manutenção – para produção, comercialização e serviços, além do impacto negativo nos estoques totais de dívidas dos setores privados – empresas e famílias – e do setor público.
Estima-se que a dívida pública esteja em torno de 65/70% do PIB e que o total de crédito para empresas e famílias esteja em torno de 53/55% do PIB, o que possibilita perceber os volumes aspirados pelos credores/sistema financeiro da produção, da comercialização, do consumo e dos orçamentos públicos, comprometendo profundamente os investimentos e a geração de trabalho e renda, aliem de ampliar os níveis de inadimplência das empresas e famílias.
É possível que esse processo de aspiração e concentração, tomando como referência apenas uma parcela de 1% da Taxa de Juros Reais, comprometa e sugue cerca de 90/100 bilhões da dívidas pública, das empresas e das famílias.
Enfim é disso o que se trata.
É o subsistema financeirista descapitalizando os demais atores do processo econômico, alimentando as crises do sistema capitalista e evidenciando seu processo de esgotamento pela própria incapacidade de gerar capacidades de pagamento (produção, trabalho, renda etc) dos excessivos e caros estoques de dívidas induzidos.
Por Lúcio Maluf, sociólogo, secretário de organização do PDT de São Paulo e membro da Direção Nacional do PDT
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Este texto é opinativo e não reflete, necessariamente, a opinião do site Brasil Independente.