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Lupi está correto em enfrentar sistema financeiro – Para deleite dos articulistas do sistema financeiro na Grande Imprensa, o governo federal decidiu recuar e ceder à pressão dos bancos na questão do teto de juros para empréstimos consignados do INSS.
O recuo veio após o boicote dos bancos privados – e em seguida, públicos – à decisão do Conselho Nacional da Previdência Social (CNPS), que decidiu por reduzir o teto de juros de 2,14% para 1,70% ao mês em empréstimos desta modalidade.
Tal conselho é um órgão subordinado ao Ministério da Previdência e ao titular da pasta – que preside o CNPS, vale dizer -, Carlos Lupi, que passou a ser atacado pelos emissários do mercado financeiro, sempre disfarçados de comentaristas econômicos dos grandes grupos de comunicação do país.
Até a demissão de Lupi foi pedida pelos mais agressivos, que chegaram ao ponto de culpar Lupi pelo boicote dos bancos.
O argumento “técnico” é de que não seria viável manter os empréstimos ao “módicos” 20% de juros ao ano cobrados em uma modalidade que registra inadimplência quase nula, visto que os pagamentos das parcelas são descontados diretamente da folha de aposentados e pensionistas do INSS.
O leitor interessado pode procurar qual investimento há na “praça” que garanta 20% de ganhos ao fim de 12 meses. Não irá encontrar. Nem perto disso. Ainda que se argumente os custos de operação da modalidade, é simplesmente mentira a ventilada inviabilidade pelos bancos.
Bancos estes que batem recorde de lucros a cada semestre no país que abriga quatro dos 10 bancos mais lucrativos do planeta.
Apesar do recuo, a taxa deve ficar em menos de 2% ao mês, o que sim, representa uma vitória, ainda que tímida, dos aposentados, pensionistas e de Carlos Lupi.
Vale lembrar que os empréstimos consignados para aposentados e pensionistas são campeões em número de golpes aplicados por estelionatários e também, por instituições financeiras.
Não faltam relatos de assédio direto de bancos privados, que praticamente entram dentro da casa dos aposentados para tentar lhes empurrar um empréstimo – com taxas abusivas de juros embutidas, claro.
O Ministério da Justiça registrou quase 300 mil reclamações e denúncias envolvendo empréstimos consignados nos últimos três anos, registre-se.
Um dos golpes mais comuns sofridos por aposentados e pensionistas são os empréstimos não solicitados, feitos sob omissão ou participação de operadores financeiros.
É curioso que os articulistas – tão preocupados, nas últimas semanas, com os aposentados -, raramente se comovam com essa indústria de golpes.
Muito pelo contrário. Coisa rara é ver os nobres comentaristas cobrarem dos bancos e das instituições financeiras uma maior proteção e responsabilidade com os beneficiários do INSS.
É importante que o leitor tenha isto em mente quando ligar a televisão e ouvir discursos travestidos de análises sobre os juros cobrados nos empréstimos consignados.
Carlos Lupi está coberto de razão em enfrentar essa de espécie de usura praticada pelo sistema financeiro sobre as suadas aposentadorias de brasileiros e brasileiras.
(Foto: Reprodução)