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Protestos na França – O presidente da França, Emmanuel Macron, comparou os protestos que o país tem registrado devido à imposição de uma Reforma da Previdência sem votação no Parlamento com os atos antidemocráticos de 8 de janeiro no Brasil.
A comparação foi feita durante entrevista aos canais France 2 e TF1, quando Macron condenou o que chamou de “extrema violência” por parte dos manifestantes. Carros e lixo acumulado nas ruas de Paris foram incendiados, enquanto a polícia utilizou gás lacrimogênio e jatos d’água contra a multidão.
“Quando os Estados Unidos passaram pelo que aconteceu no Capitólio, quando o Brasil passou por isso [em 8 de janeiro], quando houve extrema violência na Alemanha ou na Holanda, ou conosco no passado. Devemos dizer que nós respeitamos, nós ouvimos, nós queremos fazer o país avançar – e por isso que quero discutir essa reforma –, mas não podemos aceitar facções”, falou.
Ele disse ainda que um país “não é mais uma República” quando ataca representantes eleitos. Os manifestantes atearam fogo a bonecos que representavam Macron e a primeira-ministra, Élisabeth Borne, mas o presidente não entrou em detalhes sobre a quais ataques se referia.
“Quando os grupos usam a violência extrema para atacar os representantes eleitos, quando usam a violência sem qualquer regra porque estão infelizes, não é mais uma República”, afirmou.
Ele foi questionado também sobre o que quis dizer quando falou a integrantes de seu gabinete que o povo nas ruas “não tinha legitimidade”, segundo revelou o jornal Le Fígaro. Macron argumentou que foi mal interpretado.
“Há legitimidade para os sindicatos quando protestam contra a reforma e eu os respeito. Estão defendendo seu ponto de vista e é algo garantido pela Constituição”, afirmou.
Na aparição na TV, Macron reafirmou ainda que a reforma seguirá em frente e deve entrar em vigor até o final do ano. Ela aumenta a idade mínima para aposentadoria de 62 para 64 anos, e o tempo mínimo de contribuição para receber o benefício integral, que passará para 43 anos a partir de 2027.
Insatisfação com a reforma da previdência
Já impopular antes da aprovação, rejeitada por 2/3 da população francesa, a reforma da previdência de Macron se tornou alvo ainda maior de protestos após o presidente recorrer a uma manobra constitucional para aprová-la sem a necessidade de votação na Assembleia Nacional (casa equivalente à Câmara dos Deputados).
Desde que foi apresentada, a reforma levou multidões às ruas em toda França, reunindo mais de 1,2 milhão de pessoas apenas em Paris, nas maiores manifestações registradas em 30 anos.
Agora, a forma que ela foi aprovada é ainda mais impopular, com 80% dos franceses rejeitando a manobra do governo Macron.
O presidente francês, no entanto, defendeu novamente a necessidade das mudanças, mas lamentou que não tenha conseguido o apoio da população para implementá-las.
“Enquanto falo com vocês agora, vocês acham que gosto de fazer essa reforma? Não. Vocês acham que eu poderia ter feito o mesmo que muitos outros antes de mim e ter varrido a poeira para debaixo do tapete? Sim, talvez. Mas hoje, há uma coisa que lamento, que é não termos conseguido informar sobre a necessidade de fazer esta reforma.”
(Com informações de CNN e Poder360)
(Foto: Montagem/Reprodução)