Márcio França contra privatização do porto de Santos – Principal tema da conversa do encontro entre Lula e Tarcísio de Freitas (Republicanos), a privatização do Porto de Santos causou divergência entre ministros do governo federal. Márcio França (PSB), chefe da pasta de Portos e Aeroportos, é contrário a entregar a gestão do porto à iniciativa privada. Já Rui Costa (PT), da Casa Civil, diz que todas as possibilidades serão estudadas.
França afirmou que nenhum país do mundo entrega a autoridade portuária a um ente privado, comparando a ideia a uma “jabuticaba”. “Só existe um caso [de privatização de porto], na Austrália, e não deu certo. Este debate está superado. O brasileiro já decidiu na eleição que não quer privatização.”
Assim como fez com o ministro da Previdência, Carlos Lupi (PDT), ao desmentir a fala do colega sobre revisão da reforma da Previdência, Rui Costa foi contra o posicionamento de França. Segundo ele, a privatização não deve ser tratada de forma dogmática.
“Nós vamos construir o Porto de Santos e outros. O presidente Lula quer investimento e nós iremos buscar o melhor modelo para cada um. Não tem dogma. Para cada projeto e situação, vamos desenhar a melhor modelagem possível. Se é privatização, concessão ou PPP, nós vamos identificar o melhor para cada projeto. O que interessa é atrair investimento público e privado para a infraestrutura do país”, falou.
A reunião entre Lula e o governador de São Paulo foi nesta quarta-feira (11), ocasião em que Tarcísio defendeu a entrega do porto. O modelo de concessão foi desenhado pela equipe pelo Ministério da Infraestrutura no governo Bolsonaro, quando Tarcísio chefiava a pasta. O projeto está sendo analisado pelo Tribunal de Contas da União, uma das últimas etapas antes do leilão.
Também estavam presentes no encontro no Palácio do Planalto Rui Costa e Alexandre Padilha (PT), ministro das Relações Institucionais, além do secretário da Casa Civil de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD).
O governador de São Paulo tem especial interesse na construção de um túnel para ligar Santos ao Guarujá. A obra, orçada em R$ 3 bilhões, está diretamente relacionada à concessão do porto, já que seria de responsabilidade do consórcio que vencesse o leilão.
Lula declarou diversas vezes em discursos e durante a campanha que não haveria privatizações em seu governo. Além disso, a equipe de transição também se manifestou contra a privatização do porto.
Apesar disso, a equipe de Tarcisio encontrou espaço para negociar após o encontro. Isso porque o próprio Márcio França disse em entrevistas no final do ano passado que admitiria conceder algumas partes do porto, como o canal e terminais, mas não a gestão da autoridade portuária. Além disso, o porto não está na lista feita pelo governo Lula de empresas e equipamentos que não serão privatizados.
Com informações de: G1