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Cassação de vereador preso por racismo – Uma manifestação em frente à Câmara Municipal de Embu das Artes (SP) ocorrida nesta quarta-feira (02) causou impacto na cidade da Grande São Paulo.
Convocada pelo Movimento Negro e por movimentos sociais da cidade levou mais de 60 pessoas em pleno horário comercial, às 10h, que exigiram a cassação do mandato do vereador e presidente da Casa, Renato Oliveira (MDB).
A alegação é que o parlamentar quebrou o decoro parlamentar após ser preso por injúria racial e desacato à autoridade em uma piscina no Rio de Janeiro.
O ato foi convocado para as 10h já que as sessões da Câmara Municipal de Embu das Artes ocorrem às 10h após mudança de horário nos últimos anos (antes eram às 18h).
A manobra política teria sido feita para diminuir a participação popular nas votações, visto que de manhã a maioria das pessoas estão trabalhando.
“Mesmo assim, as pessoas se mobilizaram e foram para as ruas protestar”, afirmou o vereador Abidan Henrique (PDT), presente no ato.
Único vereador de oposição marca presença
Único vereador de oposição na Câmara Municipal de Embu das Artes, Abidan Henrique (PDT) foi quem protocolou um pedido de cassação de mandato contra o presidente da Casa, Renato Oliveira (MDB).
O parlamentar esteve presente no ato e se juntou ao protesto para exigir a cassação do mandato do colega de Câmara.
“O ato foi simbólico e histórico para a cidade. Não vamos aceitar que esse caso fique impune. Outra reivindicação nossa é por um posicionamento dos vereadores da Casa, alguns deles inclusive negros, que são da base do governo e que até agora se omitiram”, disse o pedetista.
Abidan lembrou que a história artística da cidade se confunde com a história dos negros na região.
“A história artística de Embu foi cunhada por artistas negros, o principal deles o Solano Trindade, que foi um dos maiores poetas negros do Brasil e criou a Feira do Embu. E a filha dele que deu sequência ao legado do pai, criando o Teatro Popular Solano Trindade, Maracatu.”
O vereador também comentou sobre a importância histórica do manifesto para o Movimento Negro da cidade.
“O ato foi forte, os movimentos sociais, o Movimento Negro de Embu compareceu. Desde a década de 2000, quando o Movimento Negro de Embu se reuniu e se organizou para criar o Dia da Consciência Negra, não tínhamos um ato tão grande. Foram mais de 60 pessoas em frente à Câmara Municipal.”
No início da semana, Abidan Henrique deu entrevista exclusiva ao Brasil Independente e falou sobre o caso, demonstrando otimismo sobre a possibilidade de o presidente da Câmara ter o seu mandato parlamentar cassado pelos colegas da Casa.
Leia a entrevista completa aqui.
Entenda o caso
Na manhã do dia 23 de janeiro, um domingo, o vereador e presidente da Câmara Municipal de Embu das Artes, Renato Oliveira (MDB), foi detido por injúria racial e desacato à autoridade no Rio de Janeiro.
Ele recebeu ordem de prisão dentro de uma piscina, em um condomínio na Zona Oeste do Rio de Janeiro.
O vereador se recusou a acatar a ordem dos policiais e um deles entrou na água para prendê-lo. As imagens viralizaram na internet.
Assista a prisão ocorrida na semana passada:
O vereador tinha alugado um apartamento para uma temporada de quatro dias com um grupo de amigos.
Segundo registros das câmeras do condomínio, aos quais o Fantástico divulgou, Renato saiu no sábado (22) à tarde e só retornou no domingo (23) pela manhã.
Uma câmera em frente ao elevador registrou o momento.
E a imagem sugere que o vereador chegou com um comportamento aparentemente alterado.
Às 8h25, na porta do elevador, ele dá um soco nele mesmo, ao lado de uma mulher. Lá dentro, dá um tapa no próprio rosto.
“Eu não estava me agredindo. Eu estava conversando e gesticulando com ela. Pela crise de ansiedade que eu sofro, eu falo com as minhas mãos”, disse Renato.
Doze minutos depois, ele desce, cantando ou falando sozinho. Um morador entra no elevador e reclama que ele está sem máscara. Mas o vereador segue sem máscara em direção à piscina.
Quem o acusa de injúria racial é o supervisor do condomínio Izac Gomes, de 57 anos.
“Tenho que vistoriar e saber se a piscina já está pronta para ser aberta, e ela ia ser aberta às 9h. Ele já estava com a caixa de som ligada, já estava na fila falando: ‘Por que que você não abre a piscina?’. A piscina abriu. Ele botou a caixa de som dentro da piscina no último volume. Pedi a ele que não podia, ele retrucou e ali começou o bate-boca”, conta Izac.
Diante de tantas reclamações dos moradores, a polícia foi chamada. Mas segundo o depoimento das testemunhas, não adiantou. Até piorou. E a polícia foi chamada novamente.
“Ele bebia e me chamava: ‘Ô negão, ô negão’. Fui conversar com ele, botei a mão nele, ele mandou: ‘Tira a mão de mim, que você está suado. Eu estou cheiroso. Você está fedendo’. Eu falei: ‘Como é que é?’. ‘É. Você está fedendo. Todo preto fede’”, relatou Izac.
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