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Moeda única – Eu espero que o governo brasileiro não embarque nessa ideia de uma moeda comum para facilitar transações entre os blocos.
Até agora tudo parecia estar no mundo das discussões teóricas, mas o governo argentino, pelo jeito, está colocando lenha na fogueira.
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Uma moeda única, como o Euro, seria uma tragédia total. A unificação monetária elimina a gestão da taxa de câmbio real e esgarçou a competitividade de Italia, Grecia e Espanha, só para ficar nestes 3.
Aparentemente, não é isso que se propõe. Mas é difícil fugir dessa perspectiva.
A proposta seria a criação de um meio de troca comum que facilitasse e fortalecesse o comércio entre os países que aderissem a esse meio de troca. Dessa forma, o Brasil não precisaria usar dólares para realizar trocas com a Argentina ou outros países.
Ok, então essa moeda só seria válida para trocas entre os países.Então eles acumulariam reservas nessa moeda única, além de acumular em dólares, por exemplo.Bem, mas e se quisessem usar essa moeda para comprar e vender de outras regiões?(seria lógico pensar nessa etapa posterior)
Teria que ser definida uma TAXA DE CÂMBIO para usar as reservas acumuladas no pgto de compromissos com outros países. Daí, caímos no mesmíssimo problema do Euro. Teríamos uma moeda única no bloco sul-americano. E junto, a perda de autonomia para a política macroeconômica.
Acho ótimo fortalecer o comércio entre os países latinos. Mas não é com a criação de um lastro monetário que será solucionado um problema que está do lado real da economia – a falta de competitividade da manufatura destes países. É este o problema.
Já basta o que temos de problemas por aqui, e criar mais um, com inflação mais alta nos vizinhos, a consequente perda de autonomia para definir juros, câmbio e ainda tendo que atrelar as políticas fiscais…vamos esperar que o governo não embarque nessa.
Vejamos o que aconteceu com os países do Euro, à exceção da Alemanha. Ah, o Brasil é o mais forte do bloco….então vamos prejudicar os vizinhos? ou vamos perder competitividade importando problemas e perdendo influência sobre a pol cambial?
Espero sinceramente que não.
Por Nelson Marconi, graduado em economia pela PUC-SP, mestre e doutor em economia pela FGV-SP
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Este texto é opinativo e não reflete, necessariamente, a opinião do site Brasil Independente.