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Nova Abolição no Brasil – A escravidão persiste e se reinventou. Precisamos de uma nova abolição.
Quando a escravidão terminou, a elite inventou a “parceria”. O que era o sistema de parceria? O Fazendeiro rico emprestava dinheiro a juros muito altos para o imigrante que queria vir ao Brasil, fugindo da fome da Europa. O imigrante ficava o resto da vida endividado com o coronel, trabalhando para pagar a dívida da viagem. Foi uma forma inteligente de manter a escravidão: com empréstimo a juros altos.
A ideia persiste e próspera.
Hoje o Brasil é uma nação de endividados.
A escravidão persiste hoje através de mecanismos de dívidas com altos juros, a chamada Usura.
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Vale lembrar que o cristianismo, em seu auge, condenava a Usura como um pecado. O juros é a corrente que prende o escravo. Quem quer liberdade, não pode ter escravos. Nessa lógica, quem empresta dinheiro a juros é apenas um escravocrata.
Hoje, 40% dos brasileiros estão com nome no Serasa. Muitos outros estão endividados. São os escravos desse sistema. *
O sonho da liberdade virou o mecanismo de escravidao. É o “empreendedor” do mercado informal: o profissional que opta livremente pela vida escrava.. Foi um sequestro linguístico tratar como liberdade a escravidao de gerir um pequeno negócio com dívidas.
Agora, a escravidão migrou para os trabalhadores de aplicativos, que pagam grandes porcentagens de seu lucro para os donos dos latifúndios (ops, aplicativos).
Os programadores que escrevem o Algoritmo é o novo Vaticano, que define a pauta dos debates. E quem define a pauta, define tudo. As redes sociais se especializaram em ser o circo , no pior sentido do termo: o pão é circo, dos romanos. O Auxilio Brasil é o pão e as redes sociais o Circo.
O Circo atual não é muito diferente da arena de gladiadores romanos: é um espaço de ódio e cancelamentos. Tudo virou debates polêmicos, sempre promovendo a separação e a divergência. As fake news destroem o conceito de verdade, impossibilitando o diálogo racional. Tudo ajuda no esforço de confundir as mentes.
Como sempre, sequestram as palavras e , mesmo quando dizem defender a diferença, eles defendem com ódio do conservador, pois ele não é “diferente”.
É o apocalipse linguístico: as palavras não valem mais, nada é confiável!
Dessa forma, promovendo ódios e rixas, as redes sociais conseguiram dividir o povo em pequenas bolhas (tal como tribos), que brigam entre si sobre questões de hábito e costume. Maquiavel já dizia que dividir é a melhor forma de reinar.
A rede social atua como cortina de fumaça, provocando brigas com temas antigos para distrair a consciência popular e ocultar quem são seus verdadeiros algozes: o próprio dono do circo! O mercado financeiro, os bilionários donos do capital e dos aplicativos.
Dessa forma, a nova Escravidão é naturalizada e ocultada. As pessoas que, no futuro, serão tratadas como escravas, hoje acreditam que são empreendedores.
Somos todos escravos desse sistema, pois todos jogamos o jogo deles. Os mais pobres trabalham para aplicativos, a classe média tenta lançar pequenos negócios digitais, todos trabalhando de graça para eles, sem ter nenhum retorno, nenhum percentual do negócio deles, nada. Eles apenas controlam de forma privada todo o sistema de comunicação. E todos nos trabalhamos de graça, gerando conteúdo para eles.
É realmente genial como o capitalismo se reinventou. Agora as pessoas optam livremente pela vida escrava. A escravidão está novamente normalizada e estamos naquela fase onde algumas pessoas estão começando a questionar essa nova escravidão.
É isso que precisamos revelar: que somos escravos e precisamos de uma Nova Abolição.
*Nº de brasileiros com nome sujo bate novo recorde, diz Serasa: 63,2 milhões – 06/06/2019 – UOL Economia
Por Newton Cannito – Autor e roteirista de séries como Unidade Básica (Globoplay)
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Este texto é opinativo e não reflete, necessariamente, a opinião do site Brasil Independente.
Foto: Reprodução