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Nobel da economia critica juros no Brasil – Vencedor do prêmio Nobel de economia em 2001, o economista norte-americano Joseph Stiglitz classificou a taxa básica de juros no Brasil como “chocante” e “uma pena de morte” para qualquer país.
Definida pelo Banco Central, a Selic está em 13,75% desde agosto do ano passado e é o maior patamar desde novembro de 2016. Com a Selic em 13,75 e inflação acumulada de 5,79% em 2022, o Brasil tem a maior taxa de juros real do mundo.
Professor na Universidade de Columbia, Stiglitz comentou os juros brasileiros durante a conferência Estratégias de Desenvolvimento Sustentável para o Séculos XXI nesta segunda-feira (20), promovida pelo BNDES.
“A taxa de juros de vocês de fato é chocante. Uma taxa de 13,7%, ou 8% real, é o tipo de taxa de juros que vai matar qualquer economia. É impressionante que o Brasil tenha sobrevivido a isso, que seria uma pena de morte”, afirmou.
Segundo o economista, o Brasil só “sobreviveu” a juros tão altos por tanto tempo devido aos bancos estatais.
“Parte da razão de vocês sobreviverem a essas taxas de juros é que vocês têm bancos estatais, como o BNDES, que têm feito muito com essas taxas de juros, oferecendo fundos a empresas produtivas para investimentos de longo prazo com juros menores”, explicou.
O evento que contou também com a presença de André Lara Resende e Geraldo Alckmin ocorre um dia antes da próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), que definirá se mantém, reduz ou aumenta a Selic.
Stiglitz apontou também que o Brasil historicamente enfrenta uma “desvantagem competitiva” devido aos juros altos e que poderia estar num patamar muito mais elevado de desenvolvimento se tivesse as mesmas condições de investimento das outras nações.
“Talvez a pergunta que vocês deviam ter feito é: onde estaríamos se tivéssemos uma política monetária mais razoável? Diria que vocês estariam em um crescimento econômico muito maior. Esse foi um dos fatores que levaram vocês a uma performance fraca (de desenvolvimento) ao longo do tempo.”
Alckmin critica juros altos
O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin (PSB) concordou com o economista norte-americano em suas críticas à taxa de juros no Brasil.
“Não há nada que justifique ter 8% de juros reais acima da inflação quando não há demanda explodindo e quando o mundo inteiro tem praticamente juros negativos”, disse Alckmin.
Ele lembrou que a taxa representa dificuldade não apenas para empresas e empreendedores que buscam crédito para expandir seus negócios, mas para o próprio governo.
“O custo de capital é um problemão, porque juros altos dificultam o consumo, inibem investimentos e encarecem a dívida do governo. Metade da dívida [da União] é Selic, cada 1% ao ano dá 25 bilhões”, argumentou.
Protesto contra juros altos
Centrais sindicais e organizações da sociedade civil promovem nesta terça-feira (21), no mesmo dia da reunião do Copom, protestos contra os juros altos no Brasil.
Em São Paulo, o ato será na Avenida Paulista, a partir das 10h. No Rio de Janeiro, a manifestação começa às 7h, na Praça Pio X, centro.
(Com informações de Carta Capital)
(Foto: Reprodução)