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Em estudo que analisou dezenas de economias do mundo, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) prevê que o Brasil deve crescer apenas 0,6% em 2022, com leve recuperação de 1,2% em 2023. Os especialistas apontaram no relatório que, para melhorar sua situação econômica, o país deve proteger os mais vulneráveis com programas sociais com um público-alvo certo e garantir espaço no orçamento para investimentos públicos eficientes.
O resultado esperado para o Brasil é 5 vezes menor que a média de crescimento dos outros países, que ficou em 3%. Alguns dos motivos apresentados para o baixo desempenho são a inflação alta – a maior em 18 anos com um índice de 12% ao ano registrado em abril -, a guerra na Ucrânia e a queda do poder aquisitivo da população devido ao aumento nos preços da comida, dos combustíveis e da energia elétrica.
O estudo diz ainda que a recuperação do mercado de trabalho tem sido lenta, com menos trabalhadores formais e salários mais baixos do que os observados antes da pandemia. As eleições deste ano também são consideradas um fator de instabilidade, afastando investimentos pelo menos até 2023. No entanto, a hesitação dos investidores pode persistir por mais tempo pelo embargo europeu ao petróleo da Rússia, que entra em vigor no ano que vem.
Soluções
Para a OCDE, o Brasil deve fazer reformas que visem o aumento da produtividade e do emprego, a fim de garantir saúde fiscal e prevenir a expansão da pobreza. “Melhorar a eficiência dos gastos públicos criaria espaço para investimento público produtivo e para proteção social”, afirma o documento.
A entidade sugere um programa de transferência de renda para desempregados com condicionantes que elevem a busca por empregos formais e medidas de qualificação profissional para reposicionar trabalhadores que estão desencorajados ou há muito tempo fora do mercado.
A preocupação com o meio ambiente também é crucial para a organização que o governo Bolsonaro almeja integrar. Conforme o texto, “leis que previnam o desmatamento ilegal devem ser devidamente reforçadas para proteger recursos naturais, como a Amazônia, que pode prover sustento para segmentos vulneráveis da população e está associada com níveis maiores de chuva”. O relatório alertou que o país deve explorar novas matrizes energéticas, como eólica e solar, a fim de reduzir sua dependência de hidrelétricas.
Por fim, a entidade que reúne as nações mais ricas do planeta recomendou que o Brasil invista em meios de transporte públicos, pois beneficiaria os trabalhadores de menor renda, além de reduzir a dependência de carros e a poluição do ar.
Veja o relatório completo aqui.
Foto: Marcelo Chello/Estadão Conteúdo
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