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Democracia – “Já só um deus nos pode ainda salvar” disse o filósofo alemão Martin Heidegger, referindo-se à “era da técnica”. Essa frase tornou-se tão conhecida que deu nome à última entrevista do filósofo, concedida ao jornal Der Spiegel em 1966 e publicada somente após sua morte, 10 anos depois. Por vezes, certas situações colocam-nos frente a esta posição – “somente intervenção divina”. Disposição justa, compreensível, com a possibilidade de possuir assentamentos variados.
No entanto, ao mesmo tempo, a possibilidade do milagre (isto é, a violação da ordem “natural” dos fatos ou, ainda, “das leis divinas e eternas”, como explica Voltaire em seu Dicionário Filosófico) remonta-nos para além do tão-somente metafísico: ouvi dizer de um ateu que viu milagres.
“Milagres do Povo” foi composta por Caetano Veloso, inspirado por Jorge Amado. Convidado pela revista O Pasquim para fazer uma pergunta à Amado, Caetano interpela-o se nele havia fé no candomblé. A despeito da negativa (natural, vinda de um materialista), Amado disse-lhe: “mas que eu já vi o candomblé fazer muitos milagres, isso eu já vi e são milagres do povo”.
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Amado era um comunista ateu. Escritor, dos nossos mais brilhantes (autor de clássicos como “Capitães de Areia” e “Seara Vermelha”), foi também deputado federal pelo PCB. Os milagres do povo aos quais ele se referia são muitos e dizem respeito sempre à quebra das barreiras do coração humano.
Na canção de Caetano, sabemos que o coração é soberano e senhor, sem caber na escravidão. Os milagres do povo acontecem, portanto, quando o humano retorna à condição livre de ser propriamente humano – “e é pura dança, e sexo, e glória, paira para além da história”.
Encontrarmo-nos frente à necessidade de um milagre é sinal de que enfrentamos problemas da ordem de humanidade. Hoje, felizmente, já não na factualidade da escravidão humana, embora soframos incessantemente com as heranças diretas das maiores tragédias de nossa história, que começaram com a invasão da nossa terra. No Brasil, a libertação da escravidão foi milagre do povo.
A libertação das mulheres pela conquista do direito do voto foi milagre do povo. A libertação do Brasil do jugo da ditadura foi milagre do povo. A conquista de uma Constituição Cidadã foi milagre do povo. Tanto mais é necessário, urgente e passível de tornar-se possível um milagre se há um povo unido. Tal união não ocorre por um acaso (afinal, que milagre ocorre pelo Acaso?) – exige um alinhamento, um ajuste no espírito da época.
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O conflito nosso hoje é, em si, um paradoxo: nosso problema é justamente o contrário do que precisaríamos para combatê-lo. Nosso problema é a desunião. Nosso país está rachado, separado, dividido. A narrativa do nós versus eles tem corroído nossa paz, contaminado nossas famílias, afastado minimamente o bom convívio com muitos de nossos próximos.
Contudo, apesar de a sociedade brasileira hoje apresentar essa forte divisão, todos conjuntamente sofremos, mesmo os que não estejam inseridos na polarização claramente posta. Estamos diante de um empecilho para a reestruturação de um país que acaba de terminar a pior década, do ponto de vista econômico, de sua recente história.
Chegamos, por fim, a um país enlutado, desempregado, desindustrializado, cuja parte populacional significativa voltou à fome, e que, embora finjamos não ver, encontra-se massacrado na desigualdade, onde 5 pessoas detém riqueza equivalente à de 100 milhões de concidadãos (depois de 22 anos de governos ditos “progressistas”). O mesmo país que outrora, não muito distante temporalmente, por 50 anos liderou o crescimento econômico mundial.
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Milagres acontecem, já vimos prodígios manifestarem-se frente aos nossos olhos. Mas o mais importante é não esquecermos que eles são do povo. O poder emana do povo. É a nossa nação, tão única por uma notável e improvável formação, que é capaz de, com suas próprias mãos, tomar as rédeas de seu destino e construir seus próprios milagres.
É tarefa de cada um reconstituir a fé, que é a certeza das coisas que não se podem ver. Ainda que a ordem das coisas nos indique o contrário, podemos olhar para nós mesmos como nação e exercer a fé num país justo, mais solidário, menos desigual. Devemos, portanto, assumir o dever da esperança. Não uma esperança ingênua, mas a esperança de responsáveis por seu próprio destino.
Democracia: ela nos guiará para a superação da polarização que nos tem matado pouco a pouco.
Perceberemos que a união e a democracia não significará perfeita concordância, mas que o caminho pela linguagem, pela comunicação, pela democracia nos levará longe. Tenhamos fé nos milagres do povo, porque “gente é pra brilhar, não pra morrer de fome”.
Por Renzo Mascote De Andrade
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Este texto é opinativo e não reflete, necessariamente, a opinião do site Brasil Independente.
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