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A entrevista do ex-presidente Lula para o jornalista do Grupo Bandeirantes Reinaldo Azevedo, nesta quinta-feira (01), foi um balde de água fria para quem esperava um Lula capaz de inspirar, mobilizar e desafiar o projeto neoliberal que reina no Brasil.
O Lula que entrou em campo foi uma versão radicalizada e pouco inspirada do Lulinha Paz e Amor que escrevia Carta aos Banqueiros. Na entrevista que durou quase uma hora e meia, Lula propõe a velha conciliação com tudo o que o sistema financeiro espera: privatização das principais estatais, um vice com o aceite do mercado financeiro e a manutenção das reformas neoliberais já impostas (Reforma da Previdência, Reforma Trabalhista, PEC do Teto, PEC Emergencial e Reforma Administrativa).
O ex-presidente foi capaz de defender o ajuste fiscal promovido pelo banqueiro Joaquim Levy no início do segundo Governo Dilma, no mesmo tempo que foi incapaz de explicar a corrupção sistêmica em seu Governo, o patológico hegemonismo petista na esquerda brasileira e o desastre do Governo da sua sucessora, Dilma Rousseff.
A cadeia e o tempo parecem ter radicalizado Lula, mas a redobrar a aposta em uma cooptação de classes, um velho arranjo já conhecido e insustentável. Não se fala em justiça tributária, reformas de base, reindustrialização e nem em revogação dos crimes contra o Estado Nacional cometidos pelos últimos governos.
Se Lula vencer em 2022 certamente sairá de cena o terraplanismo e Olavismo que rege o Governo, mas parece certo que a política econômica de Guedes seguirá em marcha com um verniz vermelho, mas com a madeira maciça do neoliberalismo.
Por Vitor Imafuku
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