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A volta dos que não foram – o sorriso de Cunha
Ao ser questionado por um deputado outrora aliado, como teria recebido a sinalização de Lula, Eduardo Cunha foi emblemático, esboçando um sorriso quase “safado”.
Explica-se: em encontro com jornalistas, Lula foi questionado pela ultrapetista Cynara Menezes como ele se sentia em relação à presença “nefasta” de Cunha nos corredores do Congresso Nacional. Para a decepção da jornalista, o presidente tratou o fato com naturalidade, lembrou que o ex-presidente da Câmara dos Deputados é homem livre perante a Justiça e pai de parlamentar eleita pelo voto popular nas últimas eleições.
Lira e Cunha? Aliados do atual presidente da Câmara, Arthur Lira (PP/AL), garantem que não tem nenhum fundamento a suposta aproximação entre ele e Cunha, “parceria” insinuada pela jornalista lulista, pouco antes de levar um elegante “pito” de Lula.
Lira ministro?
Arthur Lira recuou e não pretende fazer avançar nenhuma pauta-bomba contra o Governo Federal nesse momento. Coincidências à parte, as pautas-bombas de Eduardo Cunha, quando presidia a Casa, foram a bala-de-prata nas contas do então governo Dilma. Após isso, a crise econômica agravou-se e Dilma acabou impichada em processo aprovado por…Cunha.
Voltando a Lira, o recuo é visto por parlamentares como uma tentativa de aproximação do alagoano com o presidente brasileiro, de olho na sucessão da presidência da Câmara dos Deputados. A eleição está prevista para ocorrer em fevereiro de 2025. Além da sucessão na Câmara, há quem diga que Lira tenta se cacifar para assumir o Ministério da Saúde após deixar a presidência da Câmara.
Lira repete religiosamente para seus aliados que não pretende ser “um novo Rodrigo Maia”, que perdeu seus poderes e influência, saindo da presidência da Casa para a invisibilidade política.
Desoneração da Folha
Caiu como uma bomba no Congresso Nacional a decisão de Cristiano Zanin, ministro do STF, de atender ao pedido do governo Lula e suspender a desoneração da folha para alguns setores nesse ano. Em especial, os senadores, que prometem tomar medidas mais energéticas para tentar reverter a decisão.
Os líderes do governo no Congresso lamentaram a decisão do próprio governo de recorrer ao STF para discutir um assunto que já havia causado atritos entre o Executivo e o Legislativo no Congresso, tendo sido superado. Eles acreditam que Lula escutou demais a equipe de Fernando Haddad, que só pensa em bater meta de banqueiro, e não os parlamentares. Em um momento que tensão entre o STF e o Parlamento, a decisão do governo de jogar lenha nesta fogueira pode acabar sendo um tiro no pé.
Lula no 1º de Maio em São Paulo
O presidente brasileiro já confirmou aos organizadores sua presença no 1º de Maio unificado das centrais sindicais em São Paulo, a exemplo do ano passado. O evento vai ocorrer no estacionamento do Itaquerão, estádio do Corinthians, coincidência ou não, time do coração de Lula. A estimativa é que o ato reúna cerca de 50 mil pessoas.
Na lista de convidados, estão os presidentes da Câmara, do Senado, do STF e do TST, além de ministros como Silvio Almeida, Fernando Haddad, Paulo Pimenta e Simone Tebet. Representantes de ao menos 10 partidos, incluindo o PL, e de organizações como OAB e MST também foram chamados. Após o ato político, shows prometem embalar os milhares de trabalhadores e trabalhadoras presentes. Entre os destaques, a cantora Paula Lima e o rapper Dexter.
Para surpresa de muitos e revolta de alguns, as centrais, em postura institucional – que se espera de entidades que representam milhões de trabalhadores -, convidaram também o governador do estado, Tarcísio de Freitas, do Republicanos e o atual prefeito da capital, Ricardo Nunes, do MDB. Os dois são aliados de primeira hora de Bolsonaro nas terras paulistas. Tarcísio venceu a eleição do ano passado como o “candidato do Bolsonaro”, derrotando Haddad. Já Nunes vai disputar as eleições para a prefeitura, no fim do ano, com apoio do ex-presidente, contra o favorito Boulos, candidato de Lula. Aliás…
Na unha
A pesquisa Atlas/CNN, publicada esta semana sobre as eleições de São Paulo, mostra que a disputa deve ser acirrada. Boulos segue liderando a corrida em números absolutos, mas o cenário é de empate técnico com atual prefeito, Ricardo Nunes. Mas outro dado apontado pelo levantamento deve estar causando preocupação no entorno do psolista. Nunes cresceu mais de 15% nas intenções de voto, enquanto o deputado apoiado por Lula apresentou crescimento bem mais tímido, na casa dos 5%. Em um cenário de 2º turno, os dois também aparecem empatados tecnicamente, mas a liderança em números absolutos troca de Boulos para Nunes.
Outro ponto de destaque – e de alerta para os dois pré-candidatos líderes – é a ascensão de Tabata Amaral. A parlamentar do PSB se aproximou dos 15%, mostrando uma musculatura política surpreendente e que pode ganhar mais fôlego caso Datena, agora tucano, seja de fato o seu candidato a vice-prefeito. Na rodada anterior divulgada, em dezembro de 2023, Boulos tinha 29,5% das intenções de voto, contra 18% de Nunes. Tabata Amaral aparecia com 6,2%; Kim Kataguiri, com 5,3%; e Marina Helena, com 0,6%.
1º turno:
Guilherme Boulos (PSOL) – 35,6%
Ricardo Nunes (MDB) – 33,7%
Tabata Amaral (PSB) – 14,7%
Kim Kataguiri (União Brasil) – 9,4%
Marina Helena (Novo) – 3,5%
Altino Prazeres Júnior (PSTU) – 0%
Brancos e Nulos – 2,2%
Indecisos – 0,9%
Frase da semana
“É muito importante dizer que a nossa posição é uma posição de antagonismo, nesse caso, ao governo federal. A parte é o governo federal, a Advocacia-Geral da União, e nós estamos do outro lado tentando demonstrar as nossas razões e cabe ao Supremo Tribunal decidir, isso precisa ser respeitado. O que eu espero é que o Supremo Tribunal Federal decida com base na realidade” – Rodrigo Pacheco (PSD), presidente do Senado e do Congresso Nacional
É isso aí pessoal! Abraços e até sexta-feira que vem!
Por Demérito Mal Amado
(Foto: Montagem/Reprodução)