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Abin tentou invadir rede da Tim – Um dos motivos para a Polícia Federal (PF) considerar ilegal o uso do software espião pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante o governo de Jair Bolsonaro (PL) é um e-mail que trata de uma suposta tentativa de invasão da rede da operadora Tim.
A informação consta em reportagem da Folha de S. Paulo publicada nesta sexta-feira (05). Procurada pela Folha, a empresa disse que não vai comentar o assunto.
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O software espião é peça central da investigação da PF que deu origem à Operação Última Milha, que prendeu oficiais e fez buscas contra servidores da Abin. Investigados da PF afirmam que o FirstMile invadia a rede de telefonia brasileira para rastrear a localização do celular de qualquer pessoa a partir dos dados enviados para torres de telecomunicação.
A suspeita dos agentes é de que a ferramenta tenha sido usada de forma indevida durante a gestão do atual deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) para espionar desafetos políticos de Bolsonaro.
Entre os alvos, a investigação da Polícia Federal cita professores, advogados, políticos e jornalistas.
Abin sabia das invasões ilegais, diz PF
Um email localizado pela PF, datado de janeiro de 2020, é bombástico. Nele, uma funcionária da empresa Cognyte, responsável pela venda da ferramenta à Abin, relata estar “pesquisando e testando novos métodos para acessar” a rede da Tim porque havia sido barrada pela operadora.
“Estamos pesquisando e testando novos métodos para acessar a rede da Tim, mas até o momento a Tim está bloqueando todas as nossas tentativas de acesso à rede. O manteremos informado assim que houver necessidade nos nossos testes”, diz trecho do documento obtido pela Folha de S. Paulo.
A correspondência eletrônica foi enviada para um servidor da Abin que foi alvo de busca pela PF e tinha como responsabilidade a gestão do contrato para o uso do software. A PF disse que o servidor tinha “plena ciência da característica intrusiva da ferramenta”, “tanto que questionou, na condição de fiscal do contrato, o fato de empresa fornecedora ter perdido a eficácia em relação à operadora Tim”. Os investigadores pediram o afastamento do servidor de suas funções na agência de inteligência brasileira.
A PF afirma que a Abin sabia do caráter invasivo do software e de sua capacidade de invadir a rede de telefonia nacional desde o início de seu funcionamento. Para os investigadores, já na proposta comercial, a empresa Suntech (atual Cognyte) informou o uso pela ferramenta de “estrutura de telefonia no exterior (SS7) para simular chamadas em roaming, inclusive valendo-se de envios de SMS Spoofing, resultando na manipulação dos sinais da rede de telefonia”.
Leia a reportagem completa da Folha de S. Paulo clicando aqui.
(Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil)