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PF indicia Renato Cariani por tráfico de drogas – Após quase um ano de investigação, a Polícia Federal (PF) decidiu indiciar o influenciador fitness Renato Cariani pelos crimes de tráfico equiparado, associação para tráfico de drogas e lavagem de dinheiro.
Renato Cariani é um dos principais nomes do mundo fitness e é conhecido por ser o maior apoiador do fisiculturismo brasileiro, com mais de 7 milhões de seguidores no Instagram e 6 milhões de seguidores no canal do YouTube. Os vídeos relacionados ao mundo da dieta e do culto ao corpo acumulam 1 bilhão de visualizações. Nas redes sociais, ele se apresenta como professor de química, professor de educação física, atleta profissional, empresário e youtuber.
Ele é sócio com Roseli da Anidrol Produtos para Laboratórios Ltda., empresa para venda de produtos químicos em Diadema, Grande São Paulo, que está no centro da denúncia.
A PF concluiu o inquérito que apurava uma suspeita de desvio de produtos químicos para a produção de toneladas de cocaína e crack para o narcotráfico e além de Cariani, indiciou dois amigos do influencer.
No entanto, a PF não pediu as prisões dos três investigados e todos responderão em liberdade. A conclusão do inquérito foi encaminhada para o Ministério Público Federal (MPF), que decidirá se vai denunciar o grupo pelos crimes listados pela investigação.
Após a manifestação do MPF, caberá à Justiça Federal decidir se o trio deverá ser julgado pelas eventuais acusações. Até o momento, a defesa dos acusados não se manifestou sobre o relatório final da PF.
Os outros dois acusados são Fabio Spinola Mota e Roseli Dorth. Segundo a PF, o trio utilizou uma empresa química para falsificar notas fiscais de vendas de produtos para multinacionais farmacêuticas, desviando os insumos para a fabricação de cocaína e crack.
Produzidas, as drogas abasteciam uma rede criminosa de tráfico internacional comandada por facções criminosas, como o Primeiro Comando da Capital (PCC), ainda segundo a PF.
Conversas interceptadas
Segundo a Polícia Federal, o trio tinha conhecimento e participava diretamente do esquema criminoso. A investigação informa ter provas do envolvimento dos três acusados a partir de interceptações telefônicas feitas com autorização judicial de conversas e trocas de mensagens.
Fabio Spinola Mota é apontado pela investigação como responsável pelo repasse dos insumos entre a Anidrol e organizações criminosas. A PF afirma que Fabio criou um e-mail falso – se passando por um suposto funcionário de uma multinacional – para conseguir dar seguimento ao plano criminoso. Ele já tinha sido investigado por tráfico de drogas em Minas Gerais e no Paraná.
O inquérito aponta que parte do material adquirido legalmente pela Anidrol foi desviada para a produção de entorpecentes entre 2014 e 2021 e que para justificar a saída dos produtos, a empresa emitiu cerca de 60 notas fiscais falsas e fez depósitos em nome de “laranjas” usando os nomes da AstraZeneca, LBS Laborasa e outra empresa, irregularmente.
A investigação concluiu que foram desviadas cerca de 12 toneladas de acetona, ácido clorídrico, cloridrato de lidocaína, éter etílico, fenacetina e manitol, em seis anos. Essas substâncias são utilizadas por criminosos para transformar a pasta base de cocaína em pó e em pedras de crack.
A investigação
A investigação começou após a Receita Federal verificar depósitos suspeitos de mais de R$ 200 mil feitos pela AstraZeneca para a Anidrol. Questionada, a multinacional negou ter comprado os produtos da empresa do influencer Renato e de sua sócia, acendendo o alerta das autoridades.
A investigação identificou outros suspeitos de participarem do esquema, mas ainda colhe provas adicionais para os indiciar. A PF também tenta descobrir onde e por quem a droga foi comercializada.
Em 2023, a PF realizou uma operação de combate ao grupo criminoso, cumprindo mandados de busca e apreensão autorizados pela Justiça Federal em imóveis em nome dos três suspeitos. Na ocasião, foram apreendidos equipamentos eletrônicos e objetos que depois passaram por análises dos peritos.
Renato Cariani e os outros dois investigados chegaram a ser interrogados em 2023 e durante a investigação, a PF chegou a pedir à Justiça as prisões de Renato, Fabio e Roseli. No entanto, a Justiça negou o pedido.
Influencer se diz inocente
Na época da operação da PF, em 2023, a defesa de Renato Cariani emitiu uma nota na qual afirmava que o influenciador “respondeu a todas as perguntas que lhe foram feitas” e que “seu indiciamento foi realizado antes do início de seu depoimento”.
Em vídeo publicado em suas redes, Cariani negou envolvimento no esquema e se disse surpreendido pela operação da PF. Na ocasião, alegou que seus advogados não tiveram acesso ao processo.
“Fui surpreendido com um mandado de busca e apreensão da polícia na minha casa, onde eu fui informado que não só a minha empresa, mas várias empresas estão sendo investigadas num processo que eu não sei, porque ele corre em ‘processo de justiça’ [sic]. Então, meus advogados agora vão dar entrada pedindo para ver esse processo e, aí sim, eu vou entender o que consta nessa investigação”, afirmou Renato.
Na mensagem, ele defende a empresa Anidrol da qual é sócio.
“Eu sofri busca e apreensão porque eu sou um dos sócios, então, todos os sócios sofreram busca e e apreensão. Essa empresa, uma das empresas que eu sou sócio, está sofrendo a investigação, ela foi fundada em 1981. Então, tem mais de 40 anos de história. É uma empresa linda, onde a minha sócia, com 71 anos de idade, é a grande administradora, a grande gestora da empresa, é quem conduz a empresa, uma empresa com sede própria, que tem todas as licenças, tem todas as certificações nacionais e internacionais. Uma empresa que trabalha toda regulada. Então, para mim, para a minha sócia, para todas as pessoas, foi uma surpresa”, completou.
(Com informações de G1)
(Foto: Reprodução)