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Agente de trânsito se candidata no Pará – O agente de trânsito paraense Thiago Reis, de 37 anos, não tinha nenhuma pretensão de se candidatar nas eleições deste ano.
Mesmo sem estrutura e sem o orçamento de milhões de reais que outros candidatos possuem, o servidor público do Departamento de Trânsito do Estado do Pará (Detran-PA) decidiu se candidatar a deputado estadual pelo PDT inspirado pelas ideias e exemplo de Ciro Gomes.
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Pela primeira vez na história um agente de trânsito concorre a uma vaga na Assembleia Legislativa do Estado do Pará (Alepa).
“Nossa candidatura é a primeira em que um agente de trânsito no Estado do Pará tenta ser eleito à Alepa. Nunca um agente de trânsito seja estadual ou municipal havia se candidatado a deputado no Pará. Estamos vindo para defender principalmente a vida no trânsito, os direitos dos trabalhadores e o saneamento nas periferias das cidades. Tudo isso com a base do Projeto Nacional de Desenvolvimento defendido por Ciro Gomes”, assegura Thiago Reis.
A defesa dessas pautas relacionadas ao Projeto Nacional de Desenvolvimento (PND) tornou a candidatura Thiago ser apoiada pelos coletivos ciristas do Pará.
Formado em Direito pela Universidade da Amazônia em 2013 (Unama), casado e pai de dois filhos, há vários anos o servidor público está envolvido nas lutas populares.
Thiago espera que a experiência no movimento popular no bairro da Cabanagem, periferia de Belém (PA), no movimento estudantil e nos sindicatos e associações dos trabalhadores do trânsito ajudem a ser a expressão dos trabalhadores das periferias do Pará.
Leia nesta entrevista exclusiva ao BRI o que pensa o primeiro agente de trânsito candidato do Pará.
1 – Quais as principais bandeiras que você quer levar para a Assembleia Legislativa do Pará?
A nossa principal bandeira é a segurança viária e a mobilidade urbana no Estado do Pará. Gastamos dois bilhões anualmente com mortes, lesões e sinistros de trânsito, além do sofrimento humano às famílias afetadas. Atualmente, mais de 70% dos leitos da traumatologia dos hospitais atendem vitimados no trânsito. Isso tudo piora porque nossas cidades não possuem planejamento para a mobilidade urbana. As pessoas perdem muito tempo no trânsito.
Outra pauta de nossa candidatura é a urbanização e saneamento. No norte do Brasil, em especial as periferias das nossas cidades, a exemplo da capital Belém, há um déficit histórico nessa importante política pública que tem impacto direto na promoção da dignidade das pessoas e na saúde.
E a terceira é a defesa do trabalhador, precisamos defender o emprego formal em razão do alto índice de desemprego no Brasil e da diminuição dos direitos sociais do trabalhador, ao longo dos últimos anos, em especial após as reformas previdenciária e trabalhista, seja ele do setor público ou privado.
2 – Você é um candidato jovem, acha que é preciso renovar a política paraense?
Sim, claro, o Brasil precisa de oxigenação na sua jovem democracia para que a representação política de fato atenda aos diversos grupos da sociedade. Precisamos que esses interesses sejam pautados nos espaços de poder. Os anseios, necessidades materiais do povo e um plano para desenvolver o Estado do Pará precisam ser os objetivos dos jovens candidatos. Essa renovação não deve ser somente na idade dos políticos, mas deve estar aliada a uma mudança de pensamento desses políticos.
Do que adianta colocarmos jovens na política que são herdeiros das velhas famílias oligárquicas do Brasil? No Estado do Pará temos vários exemplos de candidaturas de jovens que se vendem desta maneira, porém representam os interesses mais arcaicos e velhos como exploração do nosso povo e a manutenção da subordinação brasileira.
Há partidos no Pará que são dominados por famílias. A renovação não pode ser somente de idade, deve ser principalmente ideológica e de posição política. Precisamos de parlamentares que saibam e já tenham sentido as angústias do povo.
Muitos destes jovens políticos não sabem o que é passar fome, o que é não ter o que colocar no prato do seu filho para comer, não sabem a dor de não ter dinheiro para levar seus filhos no médico ou comprar remédios. Eles não têm a mínima noção do quanto os trabalhadores no Pará nas cidades e no campo sofrem. Não tem a mínima noção do quanto os pequenos comerciantes ou empreendedores sofreram nessa pandemia, com milhares indo à falência, devido à falta de apoio do Governo Federal.
3 – Como a experiência da sua carreira como agente de trânsito seria útil na atividade parlamentar?
Nossa candidatura à Assembleia Legislativa do Estado do Pará vem da base. Além de ser agente de trânsito há dez anos no Departamento de Trânsito do Estado do Pará, o Detran, e conhecer na prática a realidade do trânsito paraense, fui vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Trânsito do Estado do Pará, o Sindtran/PA, fundador da Associação dos Agentes de Trânsito do DETRAN/PA e Presidente da Associação Estadual dos Agentes Estaduais e Municipais de Trânsito do Pará. Já participamos de um amplo debate no Estado e no Brasil sobre a segurança no trânsito e valorização dos servidores.
Eu conheço bem de perto os anseios da população nas necessidades de políticas de mobilidade sejam os pedestres que usam a via pública, sejam ciclistas que necessitam de aumento das ciclovias e ciclofaixas, sejam de usuários de transporte público de um modo geral que enfrentam ônibus lotados, sejam ainda, os milhares de motociclistas e pedestres vítimas de sinistros que em todo serviço são atendidos por nós antes da chegada das equipes do SAMU quando levadas aos hospitais.
Vejo todo dia essa realidade e estudei esses problemas. Tenho um diagnóstico para sugerir projetos de lei e debater políticas públicas nesse campo, medidas que ajudem na proteção do trabalhador de trânsito, seja no que atua na área fim, promovendo educação para o trânsito, nas comunidades, na fiscalização. Seja atendendo sinistros de trânsito, atendendo lesionados na rua.
4 – O que te fez assumir a defesa de um Projeto Nacional de Desenvolvimento?
O PND representa a solução real para o problema profundo do Brasil e aponta os caminhos centrais com prazos, metas, objetivos e como vamos conseguir os recursos para a construção da prosperidade e da dignidade do povo brasileiro em todas as áreas estratégicas, rompendo com o ciclo de compadrio com o rentismo brasileiro, que teve sua maior expressão nos governos petistas.
Eu venho da militância da pastoral da juventude na Igreja Católica, no bairro da Cabanagem, periferia de Belém. Tinha influência petista e acreditava que os governos do Lula mudariam o Brasil profundamente. O bairro onde moro possui 30 mil moradores e nenhuma praça. Temos ruas e casas alagadas constantemente com esgoto sanitário até hoje.
Apesar de alguns avanços sociais, os dados mostram que os governos do PT serviram ao capital financeiro e aos grandes grupos econômicos. Basta olhar o orçamento federal de 2010, auge do governo Lula. A Auditoria Cidadã da Dívida mostra que foram destinados 44,93% do orçamento para pagamento de juros e amortização da dívida pública brasileira, que corresponderam a R$ 635 bilhões. Enquanto isso, o orçamento do Lula para o saneamento foi de 0,04%; para o urbanismo foi 0,13%; e para habitação míseros 0,001%.
É o que Ciro Gomes vem tentando alertar: Lula e Bolsonaro representam o mesmo projeto econômico para o Brasil. Somente um Projeto Nacional de Desenvolvimento é capaz de enfrentar esses interesses poderosos. Os mesmos interesses que tentam a todo custo aniquilar o debate político para que não fique evidente que a tragédia do governo Bolsonaro na realidade é a tragédia de um modelo econômico que se perpetua no Brasil desde Fernando Henrique Cardoso, passou por Lula, Dilma, Temer e piora com esse genocida.
5 – Qual a popularidade de Bolsonaro e de Lula no Pará? Acha que Ciro tem chances de chegar a um segundo turno?
A popularidade de Lula é historicamente relevante em razão das políticas compensatórias implementadas em seu governo. Já Bolsonaro tem popularidade devido à forte presença neopentecostal nas periferias das cidades, e no interior do Estado em razão da expansão do agronegócio.
No entanto, na Região Metropolitana de Belém e nas principais cidades com mais de 100 mil habitantes Ciro foi bem votado na eleição de 2018, e temos visto que ampliamos significativamente o número de militantes em relação a última eleição. Temos realizado várias ações com o Nas Ruas Com o Ciro e percebemos que o nome dele é bem aceito.
O que talvez falte para a maioria da população seja conhecer as ideias de Ciro e ter fé de que ele pode vencer Lula e Bolsonaro. Temos a certeza de que Ciro surpreenderá com o início da campanha eleitoral propriamente dita. Nossa candidatura só existe graças ao Projeto Nacional de Desenvolvimento e as ideias de Ciro.
Ninguém do nosso grupo de militantes ciristas tinha a pretensão de se lançar candidato antes. Decidimos entrar na disputa política eleitoral para defender o Projeto Nacional de Desenvolvimento aqui no Estado do Pará. Iremos defender abertamente sem nenhuma vergonha a candidatura de Ciro Gomes por todos os lugares que andarmos no Pará.
Estamos lutando contra um sistema econômico e político que está há décadas no poder, não podemos ser ingênuos e achar que será fácil. Nós estamos na luta até o fim pelo Brasil e pelo Pará.
(Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal)