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A ausência de um projeto nacional do esporte, com uma clara divisão de competências entre todos os agentes envolvidos, está deixando o esporte do país em uma situação complicada.
De nossas crianças até a população adulta estamos batendo recordes de inatividade física e a nossa estrutura esportiva está se deteriorando com gestões incompetentes que colocam em risco conquistas recentes.
O Brasil precisa de um projeto em que a divisão de competências, que é o “quem faz o quê”, esteja bem definida. Qual deveria ser o papel da secretaria de esportes do seu município? E da secretária do governo do estado? O que precisa garantir as instituições do governo federal? Cada um com prioridades diferentes e bem detalhadas!
Esta cadeia produtiva passa pelos estímulos motores na primeira infância, o esporte na educação, a iniciação de crianças e jovens nos esportes, a identificação de talentos, a especialização de atletas, a organização de competições locais, regionais e nacionais, a participação em competições internacionais, as estruturas de treinamento em todo o país, acessíveis em todas as regiões e estados.
O suporte à carreira do atleta e o desenvolvimento educacional deste, o suporte ao pós-carreira do atleta, a formação de treinadores, professores e profissionais deste setor com o que há de mais moderno no mundo e que gerará novas metodologias nacionais de treinamento e desenvolvimento das modalidades.
Para se ter uma ideia, o principal programa de fomento ao esporte no Brasil, o Bolsa Atleta, completou, em setembro de 2021, dez anos sem reajustar o valor pago a mais de 6 mil atletas todos os meses. Durante este período, a inflação acumulada pelo IGP-M chegou a 122% e o salário mínimo foi aumentado em 115%. Os produtos ficaram mais caros, mas o valor nominal recebido pelos principais atletas do país continua o mesmo e sem previsão de aumentar.
Outro ponto que vale ser destacado é que não falta dinheiro, o problema é em como ele é distribuído. O que se observa hoje na realidade esportiva no Brasil não é falta de dinheiro, mas sim falta de investimento no desenvolvimento de novos atletas e nas estruturas de treinamento.
As leis que garantem verbas do setor estão diretamente ligadas a esportes de alto rendimento, deixando de lado o início de carreira e aposentadoria de potenciais atletas, bem como todas as questões socioeducacionais e de qualidade de vida que deveriam acompanhar o fomento à prática esportiva.
Sabe aquele discurso manjado de que o esporte transforma vidas? Transforma, mas não sem um plano de ação. Somente com um plano bem desenhado será possível enxergar a participação tão falada do esporte na educação, na saúde e tantas outras áreas da sociedade.
A divisão destas competências entre os setores governamentais vai permitir a ótima integração neste sistema com as federações, confederações, agências, associações, organizações e projetos sociais para uma ótima distribuição de recursos.
Esta divisão de competências precisa estar bem definida para que a distribuição de recursos financeiros tenha eficiência e gere resultados cada vez maiores! Sem gaps, sem buracos!
Ou é normal não ter professor especializado suficiente de algumas modalidades tradicionais e que temos até medalha de ouro olímpica? Ou é normal não termos pistas de atletismo suficientes em capitais importantes do país?
Você acha normal uma instituição próxima ao governo atual, localizada em um único município, receber mais recursos do governo federal que a federação da mesma modalidade que precisa garantir a iniciação e formação de atletas, além das competições por todo território nacional?
Pois é, uma distribuição de recursos eficiente garante uma cadeia produtiva do esporte que forneça acesso na cidade a espaços de prática de atividade física a toda população. Com o cuidado especial a crianças, portadores de deficiência, mães e idosos.
Tudo isto com participação massiva da população, praticando, trabalhando, torcendo, adquirindo renda e se divertindo.
Está na hora do Brasil ter um projeto esportivo e você pode nos ajudar com esta luta!
Tozadore é ex-atleta profissional, tri-atleta amador e ativista do esporte