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Polícia procura ex-senador – O ex-senador por Roraima Telmário Mota está sendo procurado pela polícia para o cumprimento de um mandado de prisão. Ele é suspeito de mandar matar Antônia Araújo de Sousa, mãe de uma de suas filhas. A jovem, hoje com 18 anos, o acusou de estupro no ano passado e teve o apoio da mãe para fazer a denúncia.
Antônia foi morta com um tiro na cabeça em 29 de setembro em frente à sua casa em Boa Vista quando saía para trabalhar. O crime ocorreu apenas três dias antes de uma audiência sobre o estupro da filha, que estava marcada para 2 de outubro.
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De acordo com a juíza que assinou o mandado de prisão, Lana Leitão Martins, da 1ª Vara do Tribunal do Júri, a mãe era “testemunha chave” para o caso e sua morte “certamente beneficiaria Telmário”.
A operação deflagrada pela Polícia Civil de Roraima nesta segunda-feira (30) cumpriu outros três mandados de prisão e sete de busca e apreensão. A ação teve apoio da Polícia Militar, da Secretaria de Segurança Pública (Sesp) e do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco).
Segundo apurou o g1, informações da Polícia Civil apontam que o ex-senador está em Brasília, onde é procurado pela polícia local. Também são alvos da operação um sobrinho e uma assessora de Telmário, além de um dos executores do crime.
São eles:
– Harrison Nei Correa Mota, conhecido como “Ney Mentira”, sobrinho de Telmário Mota. Contra ele há um mandado de prisão e de buscas,
– Cleidiane Gomes da Costa, assessora de Telmário. Contra ela há mandado de busca e apreensão e de cumprimento de medidas cautelares;
– Leandro Luz da Conceição, suspeito de ter dado o tiro que matou Antônia. Contra ele há mandado de prisão e de busca.
O plano
A Rede Amazônica teve acesso a documentos da investigação que mostraram que houve uma reunião na fazenda Caçada Real, propriedade de Telmário, em que ele designou o sobrinho para tratar da execução do crime.
Os investigadores descobriram que o Ney Mentira, o sobrinho, comprou a moto que os assassinos usaram no dia do crime. De acordo com a polícia, a moto foi comprada por R$ 4 mil, paga em espécie, e estava em nome de outra pessoa e com documentação irregular.
Um dia antes do crime, a assessora do ex-senador foi vista pilotando a moto e indo entregá-la para os assassinos.
“(Após comprar a moto, o sobrinho a entregou) para uma assessora do ex-senador levar até uma oficina e realizar alguns reparos/revisão. Em seguida, pediu para a assessora entregar a moto para os autores do crime em um local indicado”, diz trecho do relatório obtido pela Rede Amazônica.
Motivação
A juíza que assinou os mandados de prisão ressaltou a proximidade da audiência que ouviria Antônia sobre o caso de estupro da filha e como sua morte beneficiaria o ex-senador, acusado pela adolescente.
Ela também considerou que a investigação da Polícia Civil tinha elementos significativos em relação à “autoria e participação dos investigados, considerando o alto nível de organização, periculosidade e grande possibilidade em desfazimento de provas, como já demonstrado na investigação criminal”, escreve Lana Martins.
A magistrada apontou ainda o poder e influência que o ex-senador tem no estado, o que já causou prejuízos à investigação.
“Além do mais, não se pode negar que o Representado Telmário Mota de Oliveira, é ex-Senador da República, pertencente a família tradicional, que ainda exerce de influência política no Estado. A investigação demonstra que o Representado se desfez de provas, ao determinar que Cleidiane apagasse imagens contidas em seu DVR e HD de imagens de sua residência, inclusive, ordenando a troca de celular”, afirma a decisão.
Cleidiane, a assessora, foi proibida de manter contato com os demais investigados e com os familiares de Antônia. Ela também não pode sair de Boa Vista e deve usar tornozeleira eletrônica.
(Com informações de G1)
(Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado)