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Prefeito proíbe distribuição de livros em SP – A prefeitura de Itatiba (SP) enviou uma notificação para a autora de um projeto de distribuição gratuita de livros na cidade a proibindo de doar livros nas feiras livres pois não teria ‘autorização’ para tal.
A medida, considerada autoritária por moradores da cidade, é da gestão do prefeito Thomás Capeletto (PSDB).
O alvo da medida sugere conotação política: é que o projeto é liderado há mais de cinco anos pela vereadora Luciana Bernardo (PDT), que integra a Oposição na Câmara dos Vereadores de Itatiba.
Se trata de uma campanha de distribuição gratuita de livros e que há três anos passou a ser realizado nas ‘feiras livres’ da cidade, que ocorrem às quintas e domingos.
O projeto já existia muito antes da parlamentar tentar uma vaga na Câmara e ser eleita vereadora pela cidade.
Aliás, Luciana Bernardo representa metade da oposição ao prefeito, composta por dois vereadores.
O outro parlamentar que não apoia a gestão tucana na cidade é Igor Húngaro, também do PDT.
Denúncia nas redes
Presidente do PDT de São Paulo capital, Antonio Neto fez a denúncia em seu perfil no Twitter nesta sexta-feira (11).
O pedetista fez uma ‘thread’ explicando a situação e pediu ajuda para enfrentar a medida
“E não é por acaso que os primeiros alvos foram os livros, que são instrumento de emancipação e libertação.”, escreveu Antonio Neto.
Na visão de Antonio Neto, o prefeito de Itatiba “usa o expediente da prefeitura para perseguir os adversários de forma autoritária”.
Em dos tuítes da ‘thread’, o líder trabalhista postou a foto da notificação enviada á vereadora.
“Peço a ajuda de todos para denunciarmos essa atitude autoritária e esse desserviço prestado pela prefeitura de Itatiba contra à educação, à cidadania e a população que muitas vezes só tem acesso aos livros com iniciativas como essa” – Antonio Neto, presidente do PDT de São Paulo
Pois bem, a prefeitura do PSDB do prefeito Thomás Capeletto resolveu de forma abrupta impedir a distribuição de livros, alegando que a distribuição é irregular.
Isso mesmo, a prefeitura está impedindo uma iniciativa popular e sem fins lucrativos de incentivo à leitura pic.twitter.com/aq8enZOIN5
— Antonio Neto 📢✊🏻🌹 (@antonionetopdt) February 11, 2022
Entrevista com vereadora autora do projeto
Em breve conversa com o Brasil Independente em meio à sua agenda na tarde desta sexta, Luciana Bernardo falou sobre o caso e demonstrou estar indignada com a medida.
“Me sinto aviltada nos meus direitos constitucionais”
Confira a entrevista:
BRI: Como a senhora encarou a notificação enviada pela gestão de Thomás Capeletto (PSDB) na prefeitura de Itatiba?
Luciana Bernardo: Me sinto aviltada nos meus direitos constitucionais. Me sinto tolida como parlamentar. E triste como Cidadã pois meu único intuito é promover cidadania através da leitura com a distribuição gratuita de livros a população. Quem sofre mais ainda são aqueles que utilizam do projeto para adquirir um livro. Muitas pessoas não têm condições financeiras de adquirir um livro, na minha visão eles são os mais prejudicados.
BRI: A senhora vê alguma conotação política na medida, levando em conta que é uma vereadora de Oposição ao prefeito na Câmara Municipal?
L.B.: Também entendo que é uma violência política, inclusive estamos tomando medidas cabíveis a questão.
BRI: Distribuir livros em um ‘país que não lê’ não deveria precisar de ‘autorização’…
L.B.: O mais triste é o impedimento de uma ação de interesse público. Em 5 anos já distribui mais de 10 mil livros! Eu vivenciei a pobreza cultural
BRI: O que esse projeto representa para você do ponto de vista pessoal?
L.B.: Quando criança é adolescente minha família não tinha condições de comprar um livro. Eu poder proporcionar livros grátis as pessoas com a colaboração dos doadores é muito gratificante.
BRI: Como a população de Itatiba tem encarado a polêmica?
L.B.: Estamos tendo um grande apoio da população na defesa do nosso projeto.
Por Thiago Manga
Foto: Divulgação
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