Presidente da Fiesp critica taxas de juros – O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Josué Gomes, disse nesta segunda-feira (20) que as taxas de juros no Brasil são “pornográficas” e incompatíveis com a situação fiscal do país.
A declaração ocorre às vésperas da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), órgão ligado ao Banco Central (BC), que reúne nesta terça e quarta-feira (22) para discutir uma possível redução na taxa básica de juros (Selic).
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Em seminário no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Josué Gomes tamém defendeu uma reforma tributária que reduza a carga sobre a indústria a níveis mais próximos aos hoje oferecidos ao agronegócio.
“É inconcebível a atual taxa de juros hoje no Brasil”, afirmou.
O presidente da Fiesp também argumento um país com dívida bruta equivalente a 73% do PIB e com reservas internacionais de US$ 370 bilhões (R$ 1,9 trilhão) não pode ser considerado um país com problema fiscal.
“Não é uma boa explicação para as pornográficas taxas de juros do Brasil”, reforçou, durante o seminário “Estratégias de Desenvolvimento Sustentável para o Século 21”.
“Se não abaixarmos [os juros], de nada adiantará fazermos políticas industriais. Porque as principais políticas industriais, aquelas que são mais horizontais e, portanto, atingem o conjunto da economia, são justamente uma taxa de juros compatível e, obviamente, uma reforma tributária que crie isonomia entre os setores.”
Analistas não acreditam em redução
Economistas acreditam, porém, que o BC deve manter a taxa Selic no nível mais alto em seis anos.
Nesta segunda, o boletim Focus do Banco Central traz avaliação semelhante. Os analistas consultados seguem vendo manutenção da taxa básica de juros no atual patamar de 13,75% tanto na reunião desta semana quanto na de maio.
As previsões se mantêm mesmo diante de expectativas sobre o novo arcabouço fiscal, que vem sendo debatido entre a área econômica do governo e o presidente Lula (PT).
O presidente da Fiesp afirmou que “qualquer estratégia para o desenvolvimento nacional passa por uma nova industrialização do Brasil”, em linha do que vem defendendo Mercadante.
Josué Gomes lembrou que o setor já foi responsável por 30% do PIB e hoje é por 12%.
Além do corte dos juros, defendeu redução da carga tributária sobre o setor que, segundo ele, responde por 30% de todos os impostos produzidos no país.
“Da renda adicionada da indústria, 45% representam impostos. O agro, que é pop, que é tec, que é tudo, paga 5%.”
Além de carga tributária menor, o agronegócio ainda dispõe de um plano de financiamento com subsídios que somam R$ 13 bilhões por ano.
“Só nos ofereçam as mesmas condições que são oferecidas ao agro que teremos uma indústria pop, tec e tudo”, concluiu Josué Gomes.
(Com informações de Folha de S. Paulo)
(Foto: Geraldo Magela/Ag. Senado)