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Proposta de paz brasileira – Documentos vazados nos últimos dias nas redes sociais que supostamente seriam do Pentágono – a veracidade de alguns já foi confirmada pela inteligência americana – revelam que a Rússia considerou a proposta de paz para a guerra na Ucrânia apresentada pelo governo brasileiro como uma forma de reduzir a pressão do Ocidente sobre os russos.
A informação foi revelada pelo Miami Herald nesta terça (11).
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Um documento se refere à proposta do governo Lula de criar um grupo de negociação que incluiria países que não participam da guerra, direta ou indiretamente, para facilitar o diálogo entre as partes e, assim, chegar a uma solução para a guerra.
De acordo com o vazamento, Moscou viu essa proposta com bons olhos e planejou usá-la a seu favor, com diplomatas russos sinalizando que estavam dispostos a aceitar a proposta da diplomacia brasileira.
Segundo o documento que teria sido elaborado pela inteligência americana, o Kremlim acreditava que a proposta brasileira de “criar um clube de mediadores supostamente neutros para lidar com a guerra na Ucrânia rejeitaria o paradigma do Ocidente de agressor-vítima”.
Isso desagradou os americanos, pois seu esforço na ONU, juntamente com seus aliados ocidentais, é designar os russos como os únicos responsáveis pela guerra, na condição de apenas de agressor.
Pressão sobre o Brasil
As declarações de Lula no início de seu mandato que consideravam os motivos da Rússia para invadir a Ucrânia incomodaram os americanos e seus aliados, apesar de o presidente brasileiro ter sempre condenado a invasão de um território soberano.
Essas falas geraram críticas por parte do próprio presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que pediu para conversar diretamente com Lula para apresentar sua visão, o que já aconteceu.
O grupo contra a Rússia se incomodou também com algumas votações brasileiras na ONU, mesmo com o Brasil se alinhando aos ocidentais na maioria delas.
Uma dessas votações que teriam gerado insatisfação dentre os americanos ocorreu há duas semanas, quando o Brasil votou favoravelmente a uma proposta da Rússia para criar um grupo de investigação na ONU sobre as explosões de gasodutos russos no mar do Norte.
No mês passado, o New York Times revelou que a própria inteligência americana acredita que as explosões foram sabotagem realizada por grupo pró-Ucrânia, sem envolvimento direto de Kiev.
Votaram a favor do grupo de investigação apenas China e a própria Rússia, além do Brasil.
Estados Unidos cercam o Brasil
Quando Lula visitou Washington em março, o presidente americano, Joe Biden, recebeu com frieza a proposta brasileira que teria agradado os russos.
A Casa Branca deixou claro que qualquer iniciativa deveria partir do princípio de estabelecer a Rússia como única agressora e que Moscou violou a Carta das Nações Unidas, reunindo apenas os países que se alinham a esse argumento.
Pressionado pelos americanos, Lula assinou um documento conjunto com o governo Biden em que Brasil e Estados Unidos condenavam a agressão russa.
Conforme contou Jamil Chade em seu blog no UOL, embaixadores brasileiros avaliaram que Biden atingiu seu objetivo com a assinatura do documento.
Brasil mantém diálogo com a Rússia
Os mesmos documentos vazados tratavam sobre uma visita que membros do alto escalão do governo brasileiro fariam a Moscou na primeira quinzena de abril.
Os americanos provavelmente se referiam à viagem que Celso Amorim, assessor especial de Lula para Assuntos Internacional, fez a Moscou no começo deste mês para se reunir com Putin.
No dia 17, o chanceler russo, Sergei Lavrov, virá ao Brasil e deve se encontrar com Lula, logo após o presidente brasileiro retornar de sua viagem à China.
Lula chegou à China nesta quarta (12) e deve negociar com o presidente chinês, Xi Jinping, uma declaração conjunta em que os líderes pedirão a construção de vias diplomáticas para encerramento da guerra na Ucrânia.
(Com informações de Jamil Chade em UOL)
(Foto: Montagem/Reprodução)