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Thaís Oyama no UOL – No início desta semana, o vice-governador de São Paulo, Rodrigo Garcia, confidenciou a um interlocutor seu receio de não mais vir a assumir o governo de São Paulo na vaga de João Doria.
O temor de Garcia é consequência da cada vez mais intensa movimentação de uma ala de tucanos para convencer Doria a desistir de ser candidato à Presidência — abrindo caminho para o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, ou para a senadora do MDB, Simone Tebet, ocuparem a vaga.
A ideia de convencer João Doria a abrir mão da candidatura não tem a ver apenas com o desânimo de caciques tucanos quanto às chances eleitorais do paulista, atualmente com 2% de intenção de votos nas pesquisas. Também deputados e senadores do PSDB em busca da reeleição têm reclamado que Doria, com seu alto índice de rejeição, pode ser um fardo a empurrar suas candidaturas para o fundo do mar.
Para conquistar seu direito de ser candidato, Doria disputou e venceu as prévias contra o colega gaúcho Eduardo Leite. A vitória do paulista foi reconhecida pelos dois lados e oficialmente anunciada pelo PSDB em novembro.
Lideranças tucanas defensoras de uma mudança nos rumos da campanha, no entanto, afirmam que o artigo 152 do estatuto do PSDB diz que os candidatos vencedores em eleições prévias têm de ter seus nomes “homologados nas Convenções convocadas para esse fim”.
“Homologar é confirmar. Se não houver homologação pela convenção, não há confirmação”, afirma um cacique que defende a desistência de Doria.
A decisão de convocar uma convenção extraordinária para homologar ou deixar de homologar o resultado das prévias caberia à Executiva do partido — hoje dividida ao meio entre integrantes pró-Doria e anti-Doria.
A possibilidade de o PSDB lançar mão do estatuto para tirar o governador de São Paulo de cena, porém, é vista como uma medida extrema por lideranças que temem mergulhar o partido numa batalha judicial — e preferem apostar na tentativa de convencimento do governador. Nessa tentativa, a saída apresentada a Doria seria investir na sua reeleição ao governo, o que justifica os temores de Rodrigo Garcia de acabar a pé.
Nesta semana, Eduardo Leite confirmou estar estudando o convite para entrar no PSD de Gilberto Kassab como candidato ao Planalto, no lugar do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, que já jogou a toalha.
A ideia de o PSDB se aliar ao PSD para apoiar Leite é vista com reservas por tucanos, convencidos de que Kassab já está comprometido até o último fio de cabelo com Lula.
A interlocutores, porém, o governador Eduardo Leite disse se sentir “disponível” para conversar sobre uma eventual candidatura à presidência, pelo PSD ou pelo PSDB.
“Não vou sabotar a candidatura do Doria, mas também não vamos deixar que uma candidatura não consolidada comprometa a viabilidade de uma alternativa”, afirmou.