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Propostas para o setor de TI – A Casa JOTA promoveu nesta quarta-feira (10/8) um evento para discutir as “Propostas para um Brasil Mais Digital e Menos Desigual – que recebeu representantes de algumas das principais candidaturas ao Palácio do Planalto no pleito de outubro deste ano para apresentarem suas visões e propostas para o setor. O debate foi organizado em parceria com a Associação Brasileira das Empresas de Software (ABES).
Representando Ciro Gomes, Antonio Neto apresentou suas visões sobre a urgência de uma revolução digital no país que coloque nosso sistema educacional, industrial e público para garantir ao Brasil um lugar de destaque na economia mundial que vem surgindo. Antonio Neto é candidato a deputado federal pelo PDT de Ciro Gomes, analista de sistemas e um dos fundadores do Sindicato dos Trabalhadores em Processamento de Dados e Tecnologia da Informação do Estado de São Paulo (SINDPD)
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Uma educação para a nova economia
Em seguida Neto falou sobre a necessidade de reformulamos completamente o modelo educacional brasileiro, ainda baseado em metodologias que datam do século XIX e que impede o desenvolvimento das reais capacidades de nossos jovens e coloca o Brasil, suas escolas e universidades em descompasso com o desenvolvimento de novas ferramentas e todo um setor de Pesquisa e Desenvolvimento que vem surgindo no mundo, digital e sustentável.
“A média de tempo de estudo no Brasil hoje é de cerca de 7 anos, enquanto nos países desenvolvidos essas taxas chegam aos 15 ou 16 anos. Nós já temos um projeto que se provou eficaz no Ceará e está sendo adaptado para ser implantado em todo o país por Ciro Gomes para em 15 anos colocarmos o Brasil entre as nações mais escolarizadas do planeta”, completou o candidato.
Neto destacou também que dentro desse modelo cearense de educação estão contempladas uma série de ciências da nova economia, como robótica e outros ramos da indústria 4.0 “quando formado no ensino médio, esse aluno é contratado pelo estado e 93% desses alunos são contratados de forma definitiva por essas empresas após um ano”.
Competição Global
Questionado pelos mediadores do debate sobre as dificuldades que o Brasil enfrenta para produzir profissionais e reter talentos na indústria da tecnologia, que irá ter um déficit de até 850 mil profissionais até 2025 segundo levantamento da Brasscom, Antonio Neto lembrou que além do investimento na formação de jovens, o Brasil possui uma enorme massa de engenheiros, contadores e administradores fora do mercado de trabalho que poderiam ser requalificados para suprir essa demanda urgente do mercado.
“Uma grande parceria entre estado e iniciativa privada para capacitar esses profissionais com cursos de curta e média duração poderia gerar centenas de milhares de profissionais para o setor. As ferramentas hoje em dia são user-friendly, podemos resolver esse apagão de mão de obra no setor com cursos de 100 à 200 horas”, afirmou Neto.
Não há inovação sem participação do Estado
A falta de mão de obra, a fuga de cérebros e a baixa competitividade da economia brasileira no setor estão diretamente ligadas a falta de investimento estatal no setor.
Alvo de ataques constantes por parte do governo federal, a área de pesquisas teve R$ 2,5 bilhões retirados do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico (FNDCT) instituído a partir do recolhimento de encargos e tributos destinados justamente ao fomento à pesquisa científica e tecnológica.
O orçamento de R$ 4,5 milhões do FNDCT aprovado pelo Congresso Nacional em 2022, caiu pela metade e ficou 44,76% abaixo do orçamento do Fundo no ano passado.
“Precisamos garantir que o Estado possa investir nesse setor, não houve inovação tecnológica significativa no mundo que não tenha tido a participação estatal. É necessário garantir o terreno para a criação de startups, novas indústrias, mas também garantir que nossa população esteja inserida nesse mundo digital, garantindo por exemplo o acesso universal à internet no país”, lembrou Antonio Neto.
Carga tributária
O Brasil possui um dos sistemas tributários mais perversos do planeta, as distorções dos atuais tributos sobre o consumo são muitas e bem conhecidas: enorme complexidade; cumulatividade; e distorções que levam a economia a se organizar de forma ineficiente. O resultado é uma grande redução do potencial de crescimento do país.
“Para qualquer pessoa que você perguntar na rua sobre a necessidade de uma reforma tributária do país, a resposta será sim. Então por que não se faz? Por que vai ferir certos interesses”, afirmou Neto
Antonio Neto lembrou que inúmeras propostas circulam no Congresso, mas nenhuma corrige de fato o problema brasileiro que onera o consumo das famílias e o setor produtivo em benefício de uma pequena parcela do mercado financeiro.
“Precisamos de uma reforma progressiva e justa, que comece por corrigir a absurda defasagem na tabela do imposto de renda que já passa dos 140% e tira, por exemplo, do trabalhador que ganha até 1,5 salários mínimos, 7,5% do seu salário. Qual o sentido nisso?”, completou o candidato.
O que pensam os demais candidatos?
O encontro contou ainda com a participação de Susana Kakuta, doutora em Sociologia e Economia Internacional pela Universidade Complutense de Madrid e especialista em inovação, representado a candidata Simone Tebet (MDB), e de Nelson Fujimoto, coordenador NAPP-TIC da Fundação Perseu Abramo, representando o candidato Lula (PT). A organização ainda lembrou que as cinco candidaturas à Presidência mais bem colocadas no agregador de pesquisas do JOTA foram convidadas a indicar representantes para participação no evento.