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Rombo na Americanas – Em reunião com o Ministério Público do Trabalho, as centrais sindicais disseram ao órgão que estimam que mais de 40 mil trabalhadores devem ser demitidos devido à fraude contábil descoberta nas contas das Americanas.
A empresa informa que tem cerca de 44 mil trabalhadores diretos, mas a crise afeta outras centenas de milhares de trabalhadores ligados a fornecedores e prestadores de serviços da varejista, que os sindicatos acreditam que também farão desligamentos.
Enquanto a Americanas diz que ainda não dispensou funcionários, as centrais afirmaram na reunião que as rescisões já começaram.
O mesmo foi informado pela Folha de S. Paulo há dois dias. Segundo a reportagem, trabalhadores no Rio de Janeiro e Porto Alegre já estavam sendo demitidos. O próximo passo seria São Paulo.
Na semana passada, as centrais pediram o bloqueio de R$ 1,51 bilhão do patrimônio pessoal do trio de acionistas majoritários da Americanas – Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles – para garantir o pagamento das 17 mil ações trabalhistas já em curso contra a empresa.
Sindicatos pressionam
Os sindicatos querem que a empresa informe quantas pessoas já foram despedidas, quantas ainda serão, como serão pagas as verbas trabalhistas e solicitaram que sejam feitas negociações com a direção sobre as condições dos trabalhadores.
Como as centrais sindicais já acionaram o Ministério do Trabalho, que ficou de realizar uma mesa redonda com a Americanas, o MPT considerou inconveniente fazer negociações paralelas, mas acredita que possa haver uma ação conjunta.
O MPT considera que é de interesse da empresa participar das mediações “em razão da preservação de sua imagem, de sua sobrevivência financeira, da continuidade de suas atividades empresariais e de suas relações comerciais e trabalhistas”.
Assim, informou que marcará uma nova sessão de mediação com representantes da varejista e dos trabalhadores.
Participaram da reunião CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros), CUT (Central Única dos Trabalhadores), Força Sindical, UGT (União Geral dos Trabalhadores), NCST (Nova Central Sindical dos Trabalhadores), CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), Sindicato dos Comerciários do Rio de Janeiro, Pública Central do Servidor e Dieese.
Dívida de quase R$ 50 bilhões
Os administradores do processo de recuperação judicial da Americanas informaram à Justiça que a dívida da empresa é de R$ 47,9 bilhões.
O valor é R$ 6,6 bilhões maior do que os R$ 41,2 bilhões divulgados em 25 de janeiro, quando a varejista apresentou uma lista de 7,9 mil credores.
A atualização do número é parte da primeira prestação de contas que os dois administradores judiciais, a empresa Preserva-Ação Administração Judicial e o escritório de advocacia Zveiter, protocolaram nesta quarta-feira (1º/2), na 4ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, onde corre o processo de recuperação judicial da varejista.
Questionada sobre a discrepância de valores, a Americanas informou que a diferença é resultado do valor total das debêntures nas quais a empresa é devedora da JSM Global e B2W Digital Lux, que também fazem parte do grupo.
(Foto: Reprodução)