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Presidente do BC – Alvo de críticas por manter a taxa Selic em 13,75% ao ano, o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse que, na verdade, está “fazendo um processo de suavização” da taxa de juros.
“Se fosse cumprir a meta, teria que ter juro de 26,5%. É óbvio que a gente sabe que isso (atingir a meta) é impossível”, disse nesta quinta-feira (30) em coletiva de imprensa.
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A meta de inflação é estabelecida pelo CMN (Conselho Monetário Nacional), que é composto por Campos Neto, Fernando Haddad e Simone Tebet. Em fevereiro, os três concordaram em fixar a meta para este ano em 3,25%, com oscilação de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
No entanto, o BC acredita que nem mesmo o limite máximo de 4,75% será atingido e prevê que a inflação em 2023 ficará em 5,78%. De acordo com o Banco Central, a chance de descumprimento da meta é de 83%.
Coordenadora da Auditoria Cidadã da Dívida Pública, Maria Lúcia Fattorelli disse que a fala de Campos Neto sobre juros básicos de 26,5% é uma “prova de completa insanidade” na forma como o BC opera atualmente.
“Prova de completa insanidade da política monetária do BC, que usa a elevação de juros para conter inflação de preços que não se reduzem quando juros sobem! Hoje ficou evidente que as ‘expectativas’ do mercado (que lucra com juro alto) são o fator que mais influencia!”, escreveu em seu Twitter.
Meta não vai mudar
Na segunda (27), a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet (MDB), falou sobre a meta de inflação de 3% até 2025 que ela e seus dois companheiros no CMN fixaram.
Tebet foi questionada durante um evento se havia a possibilidade de mudança da meta como uma forma de tentar reduzir os juros, conforme o presidente Lula chegou a defender no início do ano. Segundo ela, a questão “não está posta na mesa”.
“Em relação à meta de inflação, aos parâmetros, se vamos mexer ou não, esse é um não assunto no governo. Pelo menos, um não assunto no Ministério da Fazenda e no Ministério do Planejamento e Orçamento”, afirmou.
Em junho, o CMN vai estabelecer a meta de inflação para 2026, e poderia revisar os índices já fixados. Porém, Tebet argumentou que há dúvidas se alterar a meta traria o resultado esperado por Lula, de redução da taxa básica de juros.
Pacheco critica juros, mas aposta em diálogo
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), teve um encontro com Lula nesta semana e concordou com as críticas do presidente da República a Campos Neto.
Segundo o blog de Andreia Sadi, no G1, Lula insinuou que é culpa do Senado que Campos Neto esteja no comando do Banco Central, pois os senadores são responsáveis por aprovar as indicações ao cargo. Agora, caberia à Casa liderada por Pacheco tirá-lo do posto.
O senador tem dito que concorda que a Selic está muito alta, mas que prefere não partir para o embate com Campos Neto. Em vez disso, tentará conversar com o presidente do BC antes de sua ida à Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, marcada para 4 de abril.
BRI Sem Papas
Estreou nesta terça-feira (28) o “BRI Sem Papas”, um programa opinativo do Brasil Independente, que será transmitido ao vivo, toda terça, às 20h, pelo canal do BRI no Youtube.
O programa será comandado pelo Diretor de Redação do BRI, Thiago Manga, tendo como companheiro e fiel escudeiro o jornalista e músico Renato Zaccaro.
Nesta terça, a dupla abordou temas como:
- O aumento do teto de juros dos empréstimos consignados do INSS
- Três meses do governo Lula
- Banco Central e a Selic a 13,75%
- Tacla Duran e a denúncia contra Sergio Moro
- Bolsonaro e as joias da Arábia
- Protestos na França
(Com informações de Metrópoles)
(Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)