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Sindicalista é ameaçada após denunciar trabalho escravo – Após denunciar um caso de trabalho análogo à escravidão em uma obra gerida por uma terceirizada da prefeitura de Joinville, a presidente do Sindicatos dos Servidores Públicos Municipais de Joinville (Sinsej), Jane Becker, foi ameaça de morte na manhã desta quinta-feira (2).
A cidade é gerida pelo prefeito Adriano Silva, do partido Novo.
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Por volta das 10h, um motoqueiro encostou ao lado do veículo em que Jane estava e perguntou: “Você quer morrer? Para de se meter onde não deve”.
Após ameaçar a presidente, o motoqueiro acelerou e foi embora. A sindicalista registrou boletim de ocorrência.
A ameaça acontece um dia depois do Sinsej denunciar um caso de trabalho análogo à escravidão, em obra gerida por uma terceirizada da prefeitura de Joinville.
O sindicato denuncia ainda que o jornalista que divulgou o caso foi demitido do jornal onde trabalhava a mando da prefeitura.
O caso foi denunciado pelo jornalista André Trigueiro, da TV Globo.
A presidente do sindicato que denunciou trabalho análogo à escravidão em obra da Prefeitura de Joinville (SC) foi ameaçada de morte hoje. Segue abaixo o B.O. feito por ela na delegacia. O jornalista que fez reportagem sobre a denúncia foi demitido ontem da Folha Metropolitana. pic.twitter.com/6LposfAFAB
— André Trigueiro (@andretrig) March 2, 2023
Denúncia
Em um vídeo divulgado na última segunda-feira (27), é possível ver 13 trabalhadores chegando à unidade de Bem-estar e Proteção Animal de Joinville sendo transportados dentro de um caminhão baú fechado.
No mesmo dia, os trabalhadores foram filmados e fotografados almoçando dentro de um canil, estrutura reservada a cães e demais animais, em condições insalubres para refeições humanas.
Os homens que aparecem nas imagens são prestadores de serviço da empresa terceirizada Celso Kudla Empreiteiro Eireli, responsável pela obra de reestruturação do local.
O contrato assinado em 2020 com a prefeitura de Joinville é de mais de R$ 1,3 milhão e prevê obras como ampliação, pavimentação de passeio e acessos.
A presidente do Sinsej, Jane Becker, considera que embora os trabalhadores em questão não sejam servidores públicos, estão trabalhando em uma obra gerida pela prefeitura.
A sindicalista conta que houve diversas denúncias de que os trabalhos estariam sendo feitos sem proteção, sem equipamento de segurança.
“Durante a visita que fizemos, pudemos constatar a condição perigosa e insalubre destas pessoas”, justifica.
O que diz a prefeitura
Questionado pela reportagem de Leandro Schmitz – jornalista que teria sido demitido após a publicação da reportagem -, o secretário da Sama (Secretaria de Meio Ambiente), Fábio João Jovita, afirmou que qualquer conduta que viole as condições contratuais, serão apuradas.
“Nós não temos controle sobre a gestão de trabalho das empresas contratadas, apenas ao cumprimento de contratos”, frisa.
A obra é fiscalizada por servidores da Sama e da Secretaria de Infraestrutura Urbana (Seinfra) e segundo Jovita, a empresa executora já notificada diversas vezes por diversas irregularidades, entre elas, atraso nos serviços.
O secretário não descartou a hipótese de, ao final deste contrato, juntar as notificações e iniciar um processo administrativo contra a empresa.
(Com informações de Folha Metropolitana e Sinsej)
(Foto: Reprodução)