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Tacla Duran entrega gravações contra Moro – Ex-advogado da Odebrecht, Rodrigo Tacla Duran entregou à Justiça fotos e gravações que supostamente comprometem o ex-juiz da Operação Lava Jato e senador Sergio Moro (União Brasil-PR).
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O juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba, Eduardo Appio, determinou que o advogado seja incluído em um programa de proteção a testemunhas do governo federal.
As informações são de Mônica Bergamo em Folha de S. Paulo.
Procuradores pediram que os documentos entregues fossem preservados sob sigilo, mas o magistrado divergiu e não decretou sigilo.
Tacla Duran afirma ter provas de que pagou US$ 613 mil (cerca de R$ 3 milhões) a advogados ligados à advogada e hoje deputada federal Rosângela Moro (União Brasil-SP), esposa do ex-juiz e ex-ministro do governo de Jair Bolsonaro.
No depoimento, Tacla citou ter sido vítima de um suposto esquema de extorsão, em que menciona Moro e Deltan.
Após a citação, o juiz encerrou a audiência e pediu que o caso fosse enviado ao STF. Isto acontece porque, como são parlamentares, o caso só pode ser tratado pelo Supremo.
“Diante da notícia-crime de extorsão, em tese, pelo interrogado, envolvendo parlamentares com prerrogativa de foro, ou seja, deputado Deltan Dallagnol e o senador Sergio Moro […] encerro a presente audiência para evitar futuro impedimento, sendo certa a competência exclusiva do Supremo Tribunal Federal”, diz trecho do termo de audiência.
As denúncias de Tacla Duran começaram ainda a em 2017. Na época, afirmou, no rascunho de um livro, que o advogado Carlos Zucolotto Junior, sócio de Rosângela e amigo próximo de Moro, prometeu a ele facilidades na Operação Lava Jato em troca de dinheiro.
Em nota, Moro diz que não teme eventuais investigações oriundas de fotos e gravações entregues à Justiça e que Tacla Duran é um “criminoso confesso”.
“Trata-se de uma pessoa que, após inicialmente negar, confessou depois lavar profissionalmente dinheiro para a Odebrecht e teve a prisão preventiva decretada na Lava Jato. Desde 2017 faz acusações falsas, sem qualquer prova, salvo as que ele mesmo fabricou”, afirma.
Odebrecht
Tacla Duran trabalhou de 2011 a 2016 para a Odebrecht e tem sido apontado pelo Ministério Público Federal como o operador financeiro de esquemas da empresa.
Segundo Tacla Duran, as conversas entre ele e Zucolotto envolveriam abrandamento de pena e diminuição da multa que deveria ser paga em um acordo de delação premiada.
O advogado diz que o dinheiro da propina serviria para Zucolotto “cuidar” das pessoas que o ajudariam na negociação, que seria feita com a força-tarefa da Lava Jato em Curitiba.
Embora não fosse acusado de nada, nem citado na denúncia, Sergio Moro tomou a frente da defesa de Zucolotto e reagiu de forma enfática, na época.
“O advogado Carlos Zucolotto Jr. é meu amigo pessoal e lamento que o seu nome seja utilizado por um acusado foragido e em uma matéria jornalística irresponsável para denegrir-me”, alegou, em nota.
Na época, a força-tarefa de Curitiba também divulgou uma nota em que dizia “repudiar” as acusações de Tacla Duran contra o amigo de Moro.
Prisão preventiva revogada
No dia 16, o juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba decidiu revogar a prisão preventiva de Tacla Duran.
A determinação se deu na esteira de uma decisão proferida pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, que suspendeu cinco processos da Operação Lava Jato que usaram provas apresentadas por delatores da Odebrecht.
As provas já haviam sido declaradas inválidas pela Segunda Turma do Supremo em 2021, em ação apresentada pelo atual presidente Lula (PT).
Ao julgar o caso de Tacla Duran, o juiz Eduardo Appio citou a decisão da corte superior e afirmou que a prisão preventiva é uma medida excepcional dentro do ordenamento jurídico brasileiro.
“A presunção constitucional é de inocência e não o inverso”, pontuou o magistrado. “O cidadão Tacla Duran, como qualquer outra pessoa, merece e tem o direito constitucional de receber do Estado brasileiro uma jurisdição serena, apolítica e republicana”, apontou.
(Com informações de Folha de S. Paulo e G1)
(Foto: Montagem/Reprodução)