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União Brasil cogita apoiar Ciro Gomes – Dirigentes do União Brasil defendem chamar o pré-candidato Ciro Gomes (PDT) para a rodada de conversas entre partidos que discutem lançar nomes da chamada terceira via para disputar a Presidência da República.
A ideia é evitar a polarização entre Bolsonaro (PL) e Lula (PT).
União Brasil, MDB e PSDB têm mantido conversas sobre uma candidatura única.
O presidente da nova legenda (resultado da fusão de PSL e DEM), Luciano Bivar, disse em reunião com deputados na quarta-feira (16) que o presidenciável poderia se sentar à mesa das discussões caso quisesse.
Segundo integrantes do partido, a ideia de buscar Ciro para as conversas foi tratada em encontro da executiva da União Brasil nesta semana.
O tema foi levantado por ACM Neto, que busca o apoio do PDT à sua candidatura ao Governo da Bahia. O secretário disse que não fazia sentido conversar com apenas uma ala das siglas que querem uma alternativa ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a Jair Bolsonaro (PL).
ACM Neto argumentou que a União Brasil é um partido grande, que agrega tempo de TV e que tem um fundo eleitoral robusto, de acordo com relatos. Por isso, alegou, não há porque eles só conversarem com MDB e PSDB.
Dirigentes da União Brasil dizem que nada impede, inclusive, que o partido decida apoiar Ciro.
Outros integrantes da União Brasil também defendem a participação do candidato do PDT na mesa de negociações.
“Qualquer discussão que trate de terceira via tem que incluir a todos, inclusive o Ciro, para depois afunilar em torno de um nome”, diz o líder da sigla na Câmara, Elmar Nascimento (União Brasil-BA).
“Se tiver quatro candidaturas [mais à frente], estaremos ajudando a consolidar um segundo turno entre Lula e Bolsonaro. Aí é melhor cada partido ter o seu e fazer sua escolha entre um dos dois”, avalia.
Em reuniões nesta semana, Bivar afirmou que a União Brasil terá candidato próprio e defendeu a importância de se buscar um nome competitivo para fazer frente à polarização eleitoral entre Lula e Bolsonaro.
Pelas tratativas com MDB (que tem Simone Tebet como pré-candidata) e PSDB (que aprovou em prévias João Doria para a disputa ao Planalto), em meados do ano haveria a análise de qual é o nome mais competitivo para definir quem será o candidato.
Durante os encontros com correligionários nesta semana, Bivar chegou a dizer que não votará em Bolsonaro sob nenhuma hipótese.
Em meio às discussões, dirigentes já buscaram aliados de Ciro para uma aproximação.
‘Conversa é permanente’, diz Lupi
À Folha de S. Paulo, o presidente do PDT, Carlos Lupi, afirma que são permanentes as conversas com Bivar, com o secretário-geral da União, ACM Neto, e com o vice-presidente, Antonio Rueda.
“Temos alianças em vários estados. Eles ainda estão indefinidos [sobre o apoio à terceira via], estão discutindo internamente”, diz.
Segundo Lupi, a aliança pode se dar em palanques como Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Goiás, Mato Grosso, Santa Catarina e na Bahia. Lupi diz que Ciro deixa as negociações sobre apoio a cargo do partido.
Moro
Sergio Moro (Podemos), embora tenha o apoio de boa parte da União Brasil, sobretudo de deputados oriundos do PSL, tem forte rejeição por outra ala da sigla, que considera pequena a chance de apoiá-lo.
De todo modo, o acerto na União Brasil é que os candidatos a governadores ficarão livres para apoiar quem quiserem ou para ficarem neutros independentemente do presidenciável que o partido venha a apoiar.
A prioridade para uma parte da cúpula do partido é eleger governadores e fazer uma bancada grande no Congresso Nacional.
A União Brasil fez uma série de reuniões nesta semana para definir palanques regionais.
Até esta quinta (17), o cenário de pelo menos 15 estados já estavam resolvidos.
Mais Ciro, menos Moro
Na União, o nome de Ciro tem mais apoio em uma negociação do que o de Moro, que enfrenta reservas de uma ala do partido de Bivar e ACM Neto.
Além disso, Moro perdeu força nas barganhas após uma crise que colocou em risco o palanque regional mais consistente do ex-ministro de Bolsonaro.
O vazamento de áudios sexistas forçou o deputado estadual Arthur do Val a abrir mão da pré-candidatura ao Governo de São Paulo. Para não ficar completamente desidratado no estado,
Moro passou a defender a candidatura da presidente do Podemos, a deputada Renata Abreu (SP), ao Palácio dos Bandeirantes.
Já o MDB, que também participa das conversas sobre uma candidatura única, defende que o nome seja o da senadora Simone Tebet (MS) –que aparece com 1% na pesquisa Datafolha de dezembro.
(Com informações de reportagem de Julia Chaib e Danielle Brant em Folha de S. Paulo)
Foto: Thiago Manga/BRI