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Venda da Avibras – Na última semana, o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região acendeu o alerta para a possível venda da empresa de defesa Avibras para conglomerados estrangeiros.
Foram enviados pedidos de agendamento de reunião em caráter de urgência para o presidente Lula (PT), para os ministérios da Defesa e do Desenvolvimento e para o Comando do Exército Brasileiro.
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“É de extrema necessidade que o Governo Federal aja pela estatização da Avibras e mantenha no Brasil a capacidade de produção de armamentos e equipamentos do setor, como mísseis, lançadores de foguetes, veículos blindados, bombas inteligentes, sistemas de comunicação por satélite e Veículos Aéreos Não Tripulados”, ressalta o presidente do Sindicato, Weller Gonçalves, no ofício enviado.
A Avibras é reconhecida mundialmente pelos produtos e sistemas que desenvolve nas áreas aeronáutica, espacial, eletrônica, veicular e de defesa.
Gigantes como a alemã Rheinmetall e a emiradense Edge Group estão de olho na empresa brasileira, que fabrica sistemas de lançamento de foguetes Astros e o míssil tático de cruzeiro AV-TM 300.
O sistema de foguetes Astros passa por um bom momento em vendas internacionais e já foi testado e operado por cerca de nove países, informou o jornal Hora do Povo.
Cerca de 80% das receitas da Avibras provêm de exportações, cifra que estava em tendência de alta.
Em entrevista ao portal Sputnik Brasil, o especialista militar e oficial da reserva da Marinha do Brasil, comandante Robinson Farinazzo, opina que a venda de uma empresa estratégica para o setor de defesa a conglomerados internacionais não atende aos interesses do Brasil.
“Pior negócio do mundo. Principalmente se a venda for feita para a Europa, composta de países que reiteradamente questionam a nossa soberania sobre a Amazônia. Vamos vender a espingarda que defende o galinheiro para o lobo”, disse Farinazzo à Sputnik Brasil.
Segundo afirma o portal Relatório Reservado, a Avibras confirmou que “o governo brasileiro acompanha de perto a evolução” das negociações de venda da empresa.
Grande negócio
Um dos interessados na Avibras, o conglomerado alemão Rheinmetall possui fábricas em 33 países e lucra alto com o conflito ucraniano.
O grupo produz tanques Leopard que serão enviados por Berlim a Kiev e planeja abrir sua própria fábrica na Ucrânia, cliente que lhe garantiu aumento de 150% no preço de suas ações desde fevereiro do ano passado.
Já a Edge Group, dos Emirados Árabes Unidos, conta com intermediários influentes no cenário político brasileiro, sobretudo a família Bolsonaro.
Em maio de 2022, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) esteve reunido com o Edge Group.
Na reunião, estava ao lado do então secretário de assuntos estratégicos da Presidência, Flávio Rocha, e do então secretário de Produtos de Defesa do Ministério da Defesa, Marcos Degaut.
Para Farinazzo, a perda da Avibras seria “um tiro no pé”, visto que o Brasil perderia “capital humano com grande experiência, uma marca e a capacidade de fabricar produtos de defesa importantes”.
Setor estratégico
A Avibras desenvolve projetos cruciais para o setor de defesa brasileiro, como os mísseis antinavio de superfície Mansup.
Segundo o jornal Estado de São Paulo, o Exército brasileiro já investiu mais de R$ 100 milhões no projeto que – se for concluído – será o primeiro deste tipo a contar com tecnologias e componentes 100% nacionais.
“O sistema Astros não deixa a desejar em relação a nenhum similar no planeta. É primeira linha em qualquer lugar do mundo, o que é reconhecido internacionalmente”, disse Farinazzo.
Apesar da qualidade e importância dos produtos fabricados pela Avibras, a empresa enfrenta dificuldades há tempos e em 2022, pediu recuperação judicial pela segunda vez, após acumular dívida de R$ 500 milhões e demitir 400 funcionários.
Em nota, o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região declarou que a recuperação judicial da empresa é injustificada e que seu valor de mercado só tende a crescer.
Para manter os postos de trabalho e a tecnologia desenvolvida pela Avibras no Brasil, o sindicato defende a estatização da empresa.
“Todo o investimento realizado desde 1940 pelo Estado brasileiro no complexo industrial militar corre o risco de ser adquirido por multinacionais […] levando à transformação de fábricas brasileiras em simples maquiladoras”, argumenta o sindicato.
Estatização
Farinazzo defende que a estatização não deve ser “demonizada antes de ser estudada”, mas lembra que essa situação poderia ter sido evitada, caso o Brasil tivesse uma “política de investimento perene no setor de defesa”.
“A indústria de defesa precisa do investimento do Estado, isso é uma característica do setor”, apontou Farinazzo.
“As pessoas precisam mudar a mentalidade do neoliberalismo de que a indústria de defesa precise dar lucro. Mesmo que opere no vermelho, o governo precisa garantir a manutenção dela.”
A Avibras está entre os principais fornecedores de armamentos para as Forças Armadas brasileiras, em particular para os Fuzileiros Navais.
No entanto, as compras são insuficientes, o que levou a empresa a investir nas exportações.
A ausência de uma política de Estado para investimento em Defesa está associada à ideia ultrapassada de setores da sociedade brasileira, que consideram o país “alinhado aos EUA e parte do bloco ocidental”.
“Não é isso: o bloco ocidental é que faz ingerências no sentido de relativizar nossa soberania da Amazônia. Ou mudamos a nossa mentalidade, ou o preço a ser pago será altíssimo”, alerta Farinazzo.
“O Brasil é um país cobiçado. Se não tivermos um arcabouço de defesa, não conseguiremos impor nossos objetivos de segurança nacional, e viveremos para sempre na pobreza, explorados e a reboque das grandes potências”, concluiu o comandante.
Datena e Boulos juntos em SP?
Nesta terça-feira (04), o “BRI Sem Papas” debateu a polêmica da semana envolvendo José Luiz Datena e Guilherme Boulos.
Um trecho de uma conversa entre os dois vazou nas redes sociais, na qual Datena sugere que Boulos ‘peite’ Lula e o PT para formar uma chapa entre os dois nas eleições para a prefeitura de SP, que ocorrerão no ano que vem.
Além disso, os temas da semana são o identitarismo como pauta principal da esquerda e a possível inelegibilidade de Bolsonaro.
Assista e se inscreva clicando aqui:
(Com informações de Sputnik Brasil e Radio Peão)
(Foto: Montagem/Reprodução)