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Vereador acusado de racismo é quase linchado em SP – Enfrentando processo de cassação de mandato por ser flagrado utilizando uma expressão racista, o vereador da cidade de São Paulo, Camilo Cristófaro (Avante), foi ‘enquadrado’ por manifestantes e teve que sair escoltado do local em que estava na noite desta quinta-feira (19), em Heliópolis, capital paulista.
O parlamentar estava em uma reunião de dois aliados, candidatos a deputado estadual, quando teve sua presença descoberta, o que gerou um protesto na porta do local, com gritos e palavras de ordem.
“Racista, pode descer, o povo preto não tem medo de você!”, gritavam os manifestantes.
Com os ânimos exaltados, o vereador teve que sair escoltado e de cabeça abaixada, sob risco de ser linchado por ativistas e pela população local.
Enfrentando processo de cassação por usar expressão racista, o vereador de SP Camilo Cristófaro (Avante) teve que sair escoltado do local em que estava na noite desta quinta (19), em Heliópolis.
“Racista, pode descer, o povo preto não tem medo de você!”, gritavam manifestantes. pic.twitter.com/UlYcPfKxxk
— Brasil Independente (@obrindependente) August 19, 2022
Entenda o caso
Uma fala racista de Camilo Cristófaro vazou durante uma sessão da Câmara Municipal de São Paulo, na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Aplicativos, em maio deste ano.
Um trecho da fala do vereador passou a circular nas redes sociais. No áudio, é possível ouvir Cristófaro dizendo:
“Não lavaram a calçada (…) é coisa de preto, né?”
Na época, o presidente da Câmara dos Vereadores de São Paulo, Milton Leite (União Brasil), afirmou em nota que havia recebido a denúncia com “indignação”.
“Como negro e presidente da Câmara tenho lutado com todas as forças contra o racismo, crime que insiste em ser cometido dentro de uma Casa de Leis e fora dela também. O caso será apurado pela Corregedoria da Câmara Municipal de São Paulo”, diz a nota.
Movimento pela cassação
Após a repercussão do caso, o movimento Pagode Consciente iniciou uma série de protestos exigindo a cassação do mandato de Camilo Cristófaro.
Ainda em maio, um ato levou centenas de pessoas à frente da Câmara Municipal de São Paulo, pressionando os vereadores paulistanos.
Com a pressão, o parecer recomendando a cassação do vereador foi aprovado na Corregedoria da Câmara por 6 votos a 0 e ainda em maio, o plenário da Casa também aprovou o parecer, por unanimidade.
“O povo não vai mais aceitar falas e atitudes racistas, e a cassação de um vereador será um marco nessa história”, disse, na ocasião Claudinho de Oliveira (PDT), uma das lideranças dos atos antirracistas.
Claudinho de Oliveira é sociólogo, fundador do grupo de pagode Soweto, idealizador do movimento ‘Pagode Consciente’ e candidato a deputado estadual nas eleições de outubro, em São Paulo.
Na época, Claudinho de Oliveira publicou um texto onde tratava do caso e das mobilizações pela cassação do mandato de Cristófaro (confira aqui).
O processo está atualmente parado na Câmara dos Vereadores da capital paulista após Cristófaro acionar a Justiça questionando a legalidade do parecer pela cassação do seu mandato.
(Foto: Montagem/Reprodução)