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A deputada estadual Janaina Paschoal (PSL-SP) afirmou nesta sexta-feira (14) que se fosse vice-presidente da República, seu medo seria “sair na mão” com Jair Bolsonaro (sem partido), atual presidente do Brasil.
Entretanto, Janaina afirmou que gostaria de votar em uma terceira via na disputa presidencial de 2022, mas que, entre Jair Bolsonaro (sem partido) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT), votaria no atual presidente. Segundo ela, é mais “perigoso” dar o poder à Lula, por ser um político “mais inteligente” e “mais articulado”.
A declaração foi dada durante entrevista ao UOL, conduzido pela apresentadora Fabíola Cidral e pelos colunistas Leonardo Sakamoto e Josias de Souza.
“O problema é o seguinte: o Lula é mais inteligente, mais articulado, tem mais apoio entre os formadores de opinião, nas universidades. O petismo está mais enraizado. Dar poder para alguém complicado, totalitarista e que tem o apoio que o Lula tem… o perigo é maior do que com Bolsonaro”, disse ela. “Eu gostaria de ter uma terceira via, mas se não tiver o que vou fazer?”.
“Vamos falar o português claro: se for Lula e Bolsonaro, não voto no Lula. Se for Ciro e Bolsonaro, vamos ouvir as campanhas. Entre Doria e Bolsonaro, eu voto no Bolsonaro” – Janaina Paschoal
Para a deputada, a terceira via ideal seria o ex-juiz e ex-ministro Sergio Moro, que, na última pesquisa Datafolha, apareceu com 7% das intenções de voto. “Eu gostaria de votar e apoiar o Sergio Moro, mas estou achando que ele não vai ser candidato. Vamos esperar, acho que é cedo [para falar que votaria em Bolsonaro]”.
Ela ainda acrescentou: “Não voto no PT, não voto no PSOL e não me agrada a ideia de votar no PSDB. Para mim, PT e PSDB são irmãos siameses. Eu quero uma alternativa de verdade”.
Com relação a uma possível reeleição de Bolsonaro, a deputada tergiversou e evitou cravar um apoio a uma candidatura do presidente para 2022 já neste momento. “Vamos esperar [para saber] quem serão os candidatos, acho que é cedo”.
“Mundo partidário é podre”
Na entrevista, a deputada também afirmou receber com frequência pedidos de pessoas ligadas ao PSL para que ela saia candidata ao governo de São Paulo em 2022. Janaina, no entanto, disse não “confiar” na proposta e declarou que sua vontade seria concorrer a uma vaga no Senado.
“Toda hora chega alguém do PSL no meu gabinete para pedir que eu saia como governadora”, disse ela. “Como não tenho autoestima elevada, eu fico achando que estão armando contra mim, que estão querendo lançar meu nome para negociar com Geraldo Alckmin, ou com Rodrigo Garcia, para me vender no último minuto”, afirmou.
A parlamentar relacionou a incerteza sobre uma eventual candidatura em 2022 ao que classificou como um “sistema partidário podre”.
“Temos um sistema partidário podre, onde os caciques sentam e definem quem vai ser candidato”, declarou a deputada. Na avaliação dela, em prol de acordos ou cargos, esses caciques “prejudicam os bons quadros e colocam os mesmos de sempre [nas urnas]”.
Se fosse vice, brigaria muito com Bolsonaro
A deputada, que quase foi vice na chapa de Bolsonaro nas eleições de 2018, afirmou que se hoje ocupasse esse cargo teria medo de “sair na mão” com o presidente.
“Tem hora que tenho vontade de pegar o presidente e fazer assim [gesticulando como se chacoalhasse uma pessoa]. Pelo amor de Deus, entendeu? Acredito que a gente ia brigar muito, que eu ia fechar a porta da sala dele e a gente ia se enfrentar”, disse.
Esses desentendimentos, segundo ela, não seriam “no intuito de ofender, desrespeitar, ou dizer que sou melhor, mas no sentido de falar: pelo amor de Deus, criatura, a gente precisa que você coloque a cabeça no lugar”.
Vacinas da Pfizer e segurança jurídica
Advogada, a deputada também avaliou que, se fosse ministra da Saúde, não se sentiria segura para assinar um contrato com a Pfizer para a compra de vacinas contra a covid-19 pelo governo.
“Com relação à Pfizer, é óbvio que teria sido melhor ter feito contrato, as pessoas terem sido vacinadas, mas eu preciso dizer uma coisa sob o ponto de vista jurídico. É um contrato muito elevado, onde a Pfizer diz que não se responsabiliza pelos efeitos adversos”, disse.
“Estou tentando ser justa. Eu não sei se eu, como ministra da Saúde, no início da confusão, se eu aceitaria um contrato desses. Com minha cabeça do Direito, eu pensaria: peraí, se amanhã morre uma pessoa em decorrência dessa vacina, eu estou aqui assinando que a empresa não tem nada a ver com isso” – Janaina Paschoal
Em fevereiro deste ano, o então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, afirmou que as condições impostas pela farmacêutica ao Brasil eram “leoninas” —um dos fatores que, de acordo com ele, impediu que o governo federal fechasse acordo com a Pfizer ainda em 2020. O governo só firmou contrato com a farmacêutica em março de 2021.
Ontem, em depoimento à CPI da Covid, o CEO da Pfizer na América Latina Carlos Murillo negou que as cláusulas impostas ao Brasil possam ser classificadas como “leoninas” e disse que a farmacêutica exigiu as mesmas condições de todos os países que compraram suas vacinas.
“Não concordo com esse posicionamento, não concordo com o qualificativo de cláusulas leoninas. Nesta pandemia a Pfizer correu riscos que requeria que todos colaborassem nesse processo. Por isso a Pfizer exigiu para todos os países as mesmas condições que exigiu para o Brasil”, disse Murillo. Segundo ele, mais de 100 países firmaram contrato com a farmacêutica pelas vacinas.
Assista a entrevista ao UOL:
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