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Bolsonaristas chamam general Santos Cruz de ‘comunista’ – O jornalista Marcelo Godoy publicou um texto no jornal O Estado de S.Paulo em que fala sobre as movimentações atuais de grupos bolsonaristas de apoio ao governo do presidente Jair Bolsonaro.
“Movimento ligado ao presidente cria uma figura nova na vida nacional: o general de passeata”, afirma.
Marcelo Godoy se formou jornalista em 1991, está no Estadão desde 1998. As relações entre o poder Civil e o poder Militar estão na ordem do dia desse repórter, desde que escreveu o livro A Casa da Vovó, prêmios Jabuti (2015) e Sérgio Buarque de Holanda, da Biblioteca Nacional (2015).
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Leia abaixo o texto na íntegra:
Caro leitor, nos anos 1960, o escritor Nelson Rodrigues identificou os padres de passeata, aqueles que olhavam para os céus apenas para saber se deviam sair com o guarda-chuva. Nelson se espantaria com os dias de hoje, um tempo em que em vez de padres as passeatas atraem generais enquanto caminhoneiros procuram embaixadas em busca de asilo e os reacionários invadem parlamentos e ameaçam os tribunais, à moda jacobina. Há policiais agitadores e pastores mais preocupados em salvar o governo do que almas.
Enfim. Mas nenhum desses novos tipos que irromperam com o bolsonarismo na praça pública é mais simbólico do que o general de passeata. Ou melhor: de motociata. A coluna conhece alguns. Vão ao cinema ver Marighella para torcer pelo delegado. Dizem ao jornalista que a imprensa não é mais aquela de sua juventude ou que o Exército deles não permitirá aos desafetos de Jair Bolsonaro conduzirem o País ao comunismo. Quais desafetos, afinal? Roberto Setubal, Pérsio Arida, Armínio Fraga e Affonso Celso Pastore, todos promovidos a burocratas do Gosplan.
São capazes de afirmar no WhatsApp que o tempo vai fechar e haverá prisões, tortura e mortes, como disse um deles à coluna. Calma, leitor. Não é preciso acreditar nos arroubos do general de passeata. O brasileiro é um povo sobretudo moderado. Não é dado aos encantos da guilhotina. Ou do paredón. O general de passeata, que comparece aos protestos bolsonaristas na Avenida Paulista ou na Esplanada, em Brasília, no fundo é um sentimental. E anda agora muito preocupado com um colega: o general Santos Cruz.
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O ex-ministro-chefe da Secretaria de Governo já foi chamado de traidor pelo major-brigadeiro Jaime Rodrigues Sanchez e agora é tratado como comunista por colegas de farda, a exemplo do que faz a militância bolsonarista nas redes sociais. Um general deu ao colega esse apodo no dia em que Santos Cruz foi à cerimônia de filiação ao Podemos de Sergio Moro. Só um comunista, disse então, para declarar seu apoio em 2022 ao ex-magistrado. Fato imperdoável. Que Carlos Bolsonaro o dissesse, vá lá…
O oficial de passeata escreve artigos nas redes sociais e os publica, às vezes, no site do Clube Militar, cada vez que Santos Cruz critica Bolsonaro. Ou quando alguém enxovalha seu presidente, seu Exército e sua Nação, ainda que nenhum desses devesse ser tratado como propriedade privada na República. Quando Bolsonaro dá um tempo nas passeatas e motociatas, a turma pendura o pijama e volta às redes sociais, compartilhando imagens de Santos Cruz como um “melancia” – verde por fora, vermelho por dentro.
Nos últimos dias, memes e caricaturas do general da terceira via voltaram a circular associando-o ao comunismo. Isso depois de o ex-ministro escrever à coluna: “Extremista é extremista. Não é de direita nem de esquerda. É tudo igual. De ‘direita’ ou de ‘esquerda’ os métodos são os mesmos: demagogia, populismo e poder acima de tudo. Assim foi de Stalin a Chávez. O Brasil tem que dar um ‘passa fora’ em todos os extremistas.”
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O oficial de passeata vê drogas nas universidades, decadência no jornalismo e acredita que a política é sinônimo de corrupção e degradação. Reclama das generalizações que são feitas contra os militares – com razão –, mas é incapaz de ver as suas próprias em direção ao mundo paisano. Há dez dias, um coronel da reserva, colega de turma de Bolsonaro, escreveu sobre a Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas: “Na realidade, é onde se destrói capital humano, com o uso desenfreado de drogas, assistencialismos casuístas e interesseiros, uso indiscriminado do tal politicamente correto”.
É verdade que nem tudo o que o bolsonarismo quis obteve das Forças Armadas. A começar pela inequívoca rejeição a qualquer golpe de Estado e ao desrespeito ao resultado das urnas de 2022. É que nelas há muito mais do que oficiais de passeata – não se toma o Pazuello pelo todo. Alguém já se perguntou por que o ex-ministro Abraham Weintraub não está entre os bolsonaristas agraciados com medalhas pelo Exército? O ministro mal-educado recebeu três condecorações desde que foi nomeado por Bolsonaro para integrar o governo: a Ordem do Mérito Naval e a Medalha do Mérito Tamandaré, ambas da Marinha, e a Ordem do Mérito da Defesa.
Weintraub é o homem que achincalhou o marechal Deodoro da Fonseca, chamando-o de traidor, e escolheu a data cívica do 15 de Novembro para comparar o oficial que proclamou a República ao petista Luiz Inácio Lula da Silva. A Marinha, que permaneceu monarquista em 1889 como o ministro em 2019, não viu problema nas ofensas de Weintraub e lhe deu a Ordem do Mérito Naval em 2020, mesmo depois das diatribes do então ministro contra o velho marechal.
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Mas o Exército não homenageou quem agravou a memória de Deodoro e, ao mesmo tempo, demonstrou tão pouca identidade com os valores militares e com os da República. A farra das medalhas no governo Bolsonaro revelada pelo repórter do Estadão André Shalders – só ministros e ex-ministros de Bolsonaro receberam 115 condecorações – teve ao menos algum limite.
Militares têm o direito de ter preferências políticas e partidárias, mas também têm responsabilidade institucional. Em 2022, eles estarão muito mais divididos do que em 2018, quando a maioria apoiou Bolsonaro. E não adiantará desqualificar quem estará na outra trincheira. Ou sonhar com ameaças à democracia. Ou nas palavras de Santos Cruz: “Militares fazem parte de instituições que têm como fundamentos a disciplina e a hierarquia. São instituições armadas para defender a Pátria, as instituições, a lei e a ordem. Não é possível ser militar apenas quando interessa.” Dentro e fora das passeatas.
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