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Carlos Bolsonaro barra o pai – O vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), barrou o acesso do pai às próprias contas nas redes sociais desde que anunciou que deixaria de administrar os perfis, no dia 16 de abril.
A informação é do colunista Guilherme Amado, do portal Metrópoles, também confirmada pelo jornal O Globo com interlocutores da família do ex-presidente.
Segundo aliados, ‘Carluxo’ trocou as senhas das redes do pai para marcar sua posição, após entender que Bolsonaro estaria sendo pressionado a fazer publicações em desacordo com a linha mais agressiva defendida pelo vereador.
“Pessoas ruins se acham as tais e ganham muito com o suor dos outros que trabalham de verdade”, escreveu, ao anunciar que encerraria sua atuação nas redes do pai.
A última postagem realizada nos perfis de Bolsonaro no Facebook, Instagram, Twitter e Telegram havia ocorrido horas antes, com críticas a declarações do presidente Lula (PT) sobre a guerra na Ucrânia, durante viagem à China.
A ausência de postagens de Bolsonaro – que completou 25 dias nesta quinta – incomoda aliados, que esperam uma conversa do ex-presidente com Carlos para resolver a situação.
Sem acesso às próprias redes, o ex-presidente não conseguiu mobilizar seus seguidores, por exemplo, em episódios como a ida à Agrishow, o primeiro evento público de grande porte ao qual compareceu em 2023.
Proximidade de marqueteiros
Desde que retornou ao Brasil, Bolsonaro se aproximou de marqueteiros que atuaram em sua campanha de 2022 e que defendem uma comunicação mais suave nas redes sociais.
O grupo inclui o ex-secretário de Comunicação da Presidência (Secom) Fábio Wajngarten, que está atuando como uma espécie de porta-voz de Bolsonaro nas investigações sobre as joias árabes e a fraude no cartão de vacinação.
Outro nome é o do marqueteiro Duda Lima, ligado ao presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, e escalado para coordenar inserções políticas da ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro.
Completa a lista o publicitário Sérgio Lima, que atuou na campanha digital de Bolsonaro em 2022 e na tentativa – fracassada – de lançar o partido Aliança pelo Brasil.
Já Carlos Bolsonaro é famosos pelo estilo inflamado nas redes, e a defesa desta linha de atuação digital já levou o vereador a reter senhas da família em outras ocasiões.
Flávio ‘bloqueado’
A mais notória ocorreu na campanha de 2016, quando o irmão e hoje senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) foi candidato à prefeitura do Rio. Na época, ‘Carluxo’ concorria à reeleição como vereador.
Na ocasião, Carlos e o então deputado Jair Bolsonaro manifestavam incômodo com a campanha de Flávio, preocupados de que uma derrota ao Executivo municipal carioca comprometesse a futura candidatura presidencial do patriarca da família.
Após Flávio utilizar suas redes sociais para agradecer dois adversários – incluindo a deputada de esquerda Jandira Feghali (PCdoB-RJ) – por terem-no socorrido após passar mal em um debate televisivo, o irmão mais novo usou sua senha para excluir a publicação em questão e barrar o acesso de Flávio aos próprios perfis.
Interlocutores da família afirmam que Carlos e Jair eram os dois únicos com acesso regular às redes sociais do ex-presidente.
‘Rachadinha’
Em paralelo ao abandono das redes do pai, Carlos Bolsonaro viu avançar a investigação do Ministério Público do Rio (MP-RJ) sobre indícios de prática de “rachadinha” em seu gabinete na Câmara de Vereadores.
O MP produziu um laudo que comprova a prática ilegal no gabinete de ‘Carluxo’, restando investigar se o parlamentar tinha conhecimento – ou não – das ilegalidades cometidas.
O tema é considerado delicado no entorno da família e há quem tema uma possível prisão de Carlos.
Alvo de investigação semelhante, Flávio Bolsonaro conseguiu anular parte das provas coletadas pelo MP a partir de decisões em tribunais superiores, num momento em que o pai ocupava a presidência da República.
Carlos, por ser vereador, tem o caso analisado pelo Tribunal de Justiça do Rio.
(Com informações de O Globo)
(Foto: Alan Santos/PR)